Sérgio Sousa Pinto diz que espírito inquieto de Mário Soares não o deixou envelhecer
Cerimónia evocativa contou com várias figuras do PS que se reuniram para homenagear e recordar o histórico socialista.
O deputado socialista Sérgio Sousa Pinto afirmou na quinta-feira, numa cerimónia evocativa de Mário Soares, que o antigo Presidente da República "morreu com 92 anos, mas nunca chegou a velho, porque era um espírito inquieto".
Sérgio Sousa Pinto, Maria de Medeiros, António Campos, Basílio Horta, José Manuel dos Santos e Vítor Ramalho, foram os oradores convidados da cerimónia organizada pela Federação Distrital de Setúbal do PS, que reuniu mais de 250 pessoas no Fórum Romeu Correia, em Almada.
O antigo ministro da Agricultura António Campos, que acompanhou grande parte do percurso político de Mário Soares, lembrou o prestígio internacional do líder histórico do PS.
"Os grandes líderes (da época) - Helmut Schmidt, Willy Brandt, Olof Palm e François Miterrand - tinham uma admiração brutal por Mário Soares", disse António Campos, que também sublinhou a "intuição política" de Soares com o relato de alguns episódios do percurso do ex-dirigente socialista, desde os tempos da clandestinidade e do exílio em França, até ao momento em que concluiu o processo de adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia.
Antigo secretário de Estado do Trabalho nos governos de Mário Soares, Vítor Ramalho lembrou que nos últimos anos, apesar da idade já avançada, Mário Soares nunca se conformou com austeridade imposta ao país, e que esse inconformismo se traduziu nas aulas magnas de 31 de Maio e 20 de Novembro de 2013, organizadas com o "objectivo, não escondido, de deitar abaixo o anterior governo [PSD/CDS]".
O actual presidente da Câmara de Sintra, Basílio Horta, que também integrou um dos governos liderados por Mário Soares, como ministro do Comércio, garantiu que, ao contrário do que são as convicções de alguns portugueses, Mário Soares também foi "um grande primeiro-ministro, reformador", dando como exemplo a coragem que revelou na altura em que aprovou a Lei de Bases da Reforma Agrária, e com a decisão de avançar com o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, que encerrou a cerimónia evocativa de Mário Soares, garantiu que o "PS tem futuro porque tem memória" e salientou a importância do legado de Mário Soares, numa época em que considera ter havido um "retrocesso inimaginável no século XXI", com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos da América, e com a perspectiva de uma vitória da extrema-direita nas eleições em França.