Serralves prolonga exposição dos Mirós e arranca com a Casa do Cinema Manoel de Oliveira

A programação para 2017 incluirá uma grande exposição de Jorge Pinheiro comissariada por Pedro Cabrita Reis, e ainda Philippe Parenno, Gordon Matta-Clark e Yvonne Rainer.

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A exposição de Miró foi vista por cerca de 95 mil pessoas desde a sua inauguração, a 30 de Setembro Paulo Pimenta
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Um desenho do artista americano Gordon Matta-Clark Gordon Matta-Clark

A exposição A Time Coloured Space, que o artista francês Philippe Parenno concebeu em diálogo com a arquitectura de Álvaro Siza, e que abrirá a 3 de Fevereiro, ocupando todo o Museu de Arte Contemporânea, é o primeiro grande momento da programação de Serralves para 2017, apresentada esta terça-feira pela directora do museu, Suzanne Cotter, e pela presidente da administração da fundação, Ana Pinho, que aproveitou a ocasião para anunciar que a mostra Joan Miró: Materialidade e Metamorfose, com encerramento previsto para este sábado, irá permanecer na Casa até 4 de Junho.  

Em Maio, inauguram-se uma retrospectiva da artista americana de origem etíope Julie Mehretu, conhecida pelas suas pinturas monumentais que combinam plantas arquitectónicas e mapas de cidades, e uma exposição do artista americano Gordon Matta-Clark (1943-1978), um arquitecto que afirmava “fazer espaço sem o construir”. E o grande destaque da rentrée vai para a abertura, em Setembro, de uma exposição de Jorge Pinheiro, um dos fundadores, em 1968, do grupo Quatro Vintes, que será comissariada por Pedro Cabrita Reis num espaço expositivo concebido pelo arquitecto Eduardo Souto de Moura.

Além da decisão de prolongar a exposição de Miró – vista por cerca de 95 mil pessoas desde a sua inauguração, a 30 de Setembro –, Ana Pinho anunciou também o arranque da construção da Casa do Cinema Manoel Oliveira em Julho próximo. O projecto de Álvaro Siza prevê um centro de documentação para o espólio do cineasta, um auditório e um espaço para exposições, e vai ser construído no extremo nordeste do Parque, aproveitando a antiga garagem do conde de Vizela.

A presidente da administração salientou ainda que 2016 foi “um ano excepcional para Serralves”, cujo Museu de Arte Contemporânea recebeu 682.713 visitantes, mais 30% do que no ano anterior. Um número que chegaria quase ao milhão se fossem contabilizados os que viram as exposições de Serralves mostradas em museus estrangeiros ou os que visitaram as várias escolhas da Colecção de Serralves mostradas em municípios de todo o país, resultado de um trabalho de articulação com as autarquias que Ana Pinho disse querer intensificar.

Uma escolha da Bienal de S. Paulo

Serralves voltará a receber em 2017 uma selecção de obras apresentadas na Bienal de S. Paulo, numa exposição divida em dois momentos: a primeira etapa terá lugar no Parque, de 30 de Junho a 24 de Setembro, e a segunda será inaugurada no Museu a 15 de Setembro e manter-se-á patente até ao início de 2018.

Se há alguns anos que Serralves vinha chamando a atenção, em sucessivas exposições, para o seu próprio acervo, outra novidade agora anunciada é a de que esse esforço se tornará permanente e que o Museu passará a ter sempre uma ala reservada para mostrar escolhas da colecção.

Como é habitual, o programa de exposições contempla ainda dois artistas emergentes, um português e um estrangeiro, tendo as escolhas recaído desta vez em Ana Manso, que criará no Museu uma pintura mural de grandes dimensões, sobre a qual serão expostos outros trabalhos, e no artista catalão Daniel Steegmann Mangrané, radicado no Brasil, cuja obra questiona as relações entre mundo e linguagem através de uma grande diversidade de meios, da escultura ou da colagem à instalação e ao filme.

Das muitas exposições que Serralves apresentará em várias cidades do país em 2017, as mais importantes são talvez a que levará em Abril ao recém-inaugurado Museu Nadir Afonso, em Chaves – constituída por uma ampla escolha de obras que integram a Colecção da Secretaria de Estado da Cultura depositada na fundação portuense – e a que mostrará em Maio na Cordoaria Nacional, em Lisboa, composta por obras da sua própria colecção.    

Além da já referida exposição, em Maio, de Gordon Matta-Clark, Cutting, Splitting, Tilting, Writing, Building, Drawing, Eating, com obras provenientes do Canadian Centre for Architecture, a arquitectura estará também em foco já em Março na mostra Álvaro Siza: Visões de Alhambra, centrada no projecto que o arquitecto português desenvolveu em parceria com o espanhol Juan Domingo Santos.  

Na fronteira entre as artes visuais e performativas, a Casa de Serralves receberá em Junho, logo após o encerramento da exposição de Miró, um projecto do artista nova-iorquino Nick Mauss, que cruzará pintura, dança e performance e foi expressamente pensado para o contexto do edifício modernista. E como esta exposição se prolongará até finais de Setembro, a anunciada intervenção de Álvaro Siza para adaptar a Casa à sua futura missão de acolher em permanência a colecção Miró oriunda do BPN só poderá arrancar depois disso.

Na programação dedicada a outras disciplinas artísticas, a canadiana Janice Kerbell interpreta já no próximo dia 11 de Fevereiro a sua obra Doug, uma performance para várias vozes à qual ficou a dever, em 2015, a sua nomeação para o prémio Turner. E um dos grandes nomes da música criada com o recurso a algoritmos, Mark Fell, vai estar em Novembro em Serralves para apresentar uma instalação performativa que se desenvolverá ao longo de qutaro dias.

Na dança contemporânea, aos regressos das coreógrafas Alexandra Bachzetsis e Meg Stuart, soma-se, em Dezembro, a primeira apresentação em Portugal dos Early Works da bailarina, coreógrafa e cineasta americana Yvonne Rainer, uma pioneira artista experimental, hoje octogenária, com a qual Serralves, adiantou Suzanne Cotter, pretende continuar a colaborar em 2018.    

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