Perdão de Obama vai libertar Chelsea Manning em Maio
Pena da militar responsável por fuga de informação confidencial para a WikiLeaks foi reduzida.
Chelsea Manning, a militar norte-americana que foi condenada a 35 anos de prisão por transmitir documentos confidenciais à WikiLeaks, vai ser libertada em Maio deste ano, depois de o Presidente, Barack Obama, lhe ter reduzido a pena, numa das últimas decisões antes de deixar a Casa Branca.
Chelsea Manning nasceu como homem e com o nome Bradley Edward Manning e foi condenada a 35 anos de prisão por transmitir, no total, 700 mil documentos confidenciais àWikiLeaks, naquela que foi a maior fuga de informação de sempre nos EUA.
Chelsea só deveria deixar a prisão em 2045, mas será libertada a 17 de Maio deste ano, segundo os termos da comutação de pena concedida por Barack Obama, citada pelo New York Times.
Presa há sete anos, Chelsea Manning já tentou suicidar-se duas vezes na cadeia. Os advogados consideraram no ano passado que os maus tratos que sofreu, desde a detenção em 2010, e a pena de prisão de 35 anos, estavam “a desmoralizar e a desestabilizar a sua saúde e humanidade”, segundo a Associated Press.
As reacções à decisão da administração Obama dividem-se entre críticas duras e elogios. O líder republicano da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, considerou a medida “ultrajante” e um “precedente perigoso”: “A traição de Chelsea Manning colocou vidas americanas em risco e expôs alguns dos segredos mais sensíveis da nação”, afirmou citado pela Reuters.
O líder do WikiLeaks, Julian Assange, também reagiu, através do Twitter do grupo: “Obrigado a toda a gente que fez campanha pela clemência de Chelsea Manning. A vossa coragem e determinação tornou o impossível possível”.
A directora da Amnistia Internacional dos EUA, Margaret Huang, defendeu também Manning: “Chelsea Manning expôs abusos sérios, e como resultado os seus próprios direitos humanos foram violados pelo Governo dos EUA durante anos”.
A comutação de pena de Chelsea Manning foi uma das mais de 200 decididas nesta terça-feira por Barack Obama.
Bradley Manning era um analista de informações secretas de baixo escalão em Bagdad quando forneceu cerca de 700 mil documentos classificados pelo Governo americano à WikiLeaks de Julian Assange. Esse material incluiu um vídeo feito em 2007 durante um ataque de um helicóptero militar americano na capital iraquiana que resultou na morte de uma dúzia de civis, incluindo dois jornalistas; relatórios militares mostrando que o número de vítimas civis na guerra do Iraque era maior do que as estimativas oficiais; e, entre outros, correspondência de diplomatas americanos em todo o mundo, contendo impressões pessoais sobre os governos e países onde estavam colocados.
Manning foi detido em Maio de 2010, depois de ter confidenciado com um ex-pirata informático, Adrian Lamo, que estava a colaborar com a WikiLeaks. Lamo denunciou-o às autoridades militares.