Gene Cernan, o último homem na Lua, morreu sem ter conseguido lá voltar

Astronauta tinha 82 anos.

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Cernan na Lua em 1972 LUSA/NASA HANDOUT
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Cernan em 2001 DANIEL ROCHA

Gene Cernan, o último homem a pisar a Lua, morreu aos 82 anos. Foi o comandante da missão Apolo 17, a última das naves norte-americanas que visitaram o satélite natural da Terra, em Dezembro de 1972, já sem horizonte de regresso, depois de esgotado o entusiasmo com as viagens iniciadas com o impulso do Presidente John F. Kennedy, na década de 1960, para ultrapassar a então União Soviética, que conseguiu ser a primeira nação a pôr um satélite em órbita.

A agência espacial norte-americana NASA, que nasceu dessa corrida ao espaço, anunciou a morte de Cernan, sem avançar mais detalhes. Cernan, um piloto de testes, membro das missões Gemini, pioneiras das missões tripuladas e dos passeios fora das cápsulas orbitais, sempre se mostrou desapontado por não ter voltado à Lua. Essa viagem “foi talvez o momento mais intenso da minha vida… é algo que gostaria de poder congelar e levar para casa comigo. Mas não é possível”, disse, num registo da memória oral da NASA.

Aterrou o veículo de aterragem Challenger no vale Taurus-Littrow, e juntamente com o geólogo Harisson Schmitt – o único cientista que pisou a Lua, todos os outros astronautas eram pilotos de testes – recolheu amostras de rochas lunares e fez reconhecimento de terreno.

Em 2001, quando veio o Centro Ciência Viva, fazer uma palestra, disse ao PÚBLICO que estaria disposto a voltar ao espaço sem qualquer hesitação – mas não para ir para a Estação Espacial Internacional, a única opção que existe actualmente. “Para passar seis meses numa estação orbital? Não. Para esse peditório eu já dei. Se pudesse regressar à Lua, ia já”, disse então.

Era muito crítico com a linha que começou a ser desenvolvida exclusivamente após o abandono da Lua. “O programa espacial norte-americano concentrou-se no desenvolvimento do vaivém e depois na construção da Estação Espacial Internacional – deixámos de fazer exploração espacial, ficámos só aqui nas redondezas da Terra. Mas nada disto entusiasma as pessoas”, criticou.

Mas em 2003 deu-se o segundo acidente com um vaivém, que levou à aposentação definitiva dos veículos tripulados norte-americanos, deixando os astronautas dependentes das cápsulas russas Soyuz. Um desenvolvimento que o deixou ainda mais triste.

Tentou mudar a situação, deixar de ser o último homem na Lua – “ser assim conhecido dá-me a dimensão de tudo o que não fizemos neste tempo”, disse ao PÚBLICO em 2001 – testemunhando perante o Congresso numa tentativa de apelo para o regresso das viagens tripuladas, recorda o Washington Post. Mas, à medida que os anos iam passando, percebeu que dificilmente viveria para ver alguém pisar nas pegadas que deixou na Lua – algumas das quais continuam visíveis, mais de 40 anos depois, dada a ausência de vento ou outros fenómenos erosivos que as apaguem.

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