Emissões fraudulentas: VW faz acordo e paga 4000 milhões de euros nos EUA
Grupo alemão declarou-se culpado e chegou a acordo com o Departamento de Justiça dos EUA sobre o valor da multa.
A Volkswagen (VW) chegou a um acordo com os reguladores americanos para o pagamento de 4300 milhões de dólares (cerca de 4000 milhões de euros) referentes à multa pela manipulação dos dados das emissões em motores a diesel do fabricante germânico. Os conselhos de administração e de supervisão da VW irão reunir-se esta semana para aprovar o acordo estabelecido com o Departamento de Justiça dos EUA. A Reuters cita ainda uma fonte não identificada que diz que a empresa alemã vai, como parte do acordo, declarar-se culpada até quarta-feira.
Segundo a mesma agência de notícias, o grupo sediado em Wolfsburgo vai também admitir culpa pela má conduta criminal pelo caso. A VW tinha registado provisões a rondar os 18 mil milhões de euros, por causa dos múltiplos processos judiciais que foram anunciados em catadupa em muitos dos mercados afectados, dos EUA à Europa, incluindo Portugal. E com os 4300 milhões agora selados nos EUA, os custos efectivos aproximam-se cada vez mais dos 18,2 mil milhões reservados pela VW. No último mês de Junho, a empresa tinha chegado a um acordo com as autoridades e clientes americanos para pagar 14,7 mil milhões de dólares (13,3 mil milhões de euros).
O escândalo rebentou em 2015 e o caso ficou conhecido como o "dieselgate". O grupo Volkswagen, que inclui 12 marcas – da Skoda à Bentley, passando pela Lamborghini ou MAN (camiões) –, admitiu que instalou, entre os anos 2009 e 2015, um dispositivo que manipulava os dados das emissões poluentes de motores TDI. Ao todo, 11 milhões de automóveis, segundo a própria empresa, terão sido equipados com este equipamento que permitia aos carros ficarem abaixo, em testes laboratoriais, do limite legal admitido nos EUA. Porém, segundo a queixa que deu origem ao escândalo, formulada pela agência norte-americana de protecção do ambiente em Setembro de 2015, esse dispositivo só funcionava durante os testes, porque na realidade, os referidos motores, instalados em diferentes modelos, poluem mais do que o admissível por lei.
O Departamento de Justiça norte-americano apresentou uma queixa contra a empresa germânica. Mais tarde o grupo automóvel reconheceu a manipulação dos dados com recurso a um software instalado nos carros. Em causa estão pelo menos cinco milhões de automóveis VW, 2,5 milhões da marca Audi e 1,2 milhões de automóveis Skoda. A espanhola Seat reconheceu que comercializou 700 mil automóveis com o software irregular através da sua rede mundial. E os números divulgados pela Volkswagen dão conta de pelo menos 11 milhões de veículos afectados no conjunto do grupo.