Thomas Mann, entre a culpa e o exílio
Resenha de alguns dos principais textos cívico-políticos de Thomas Mann. Uma colectânea essencial para compreender o autor de Mário e o Mágico e as sinuosidades da sua biografia.
Num texto de 2006, mais tarde recolhido no livro de crónicas Valsas Nobres e Sentimentais, Frederico Lourenço afirma que Thomas Mann parece ser um autor que passou de moda. Na verdade, as obras literárias de Mann, mesmo quando foram publicadas pela primeira vez, já eram de certo modo “datadas”, quer no conservadorismo burguês que ecoavam, quer no estilo neoclássico e canónico em que foram escritas. Recorde-se que Morte em Veneza (1912) é editado após o revolucionário Malte Laurids Bridge (1910) de Rilke e, sobretudo, que A Montanha Mágica é escrito em exacta simultaneidade com Ulisses, de James Joyce; no ano seguinte, sai uma obra intitulada Mein Kampf... Significa isto que, apesar de galardoado com o Nobel em 1929, Thomas Mann foi um homem desfasado do seu tempo, tanto na literatura como na vida? Como assinala Frederico Lourenço, responder afirmativamente é esquecer o exílio iniciado em 1933, no ano da ascensão de Hitler ao poder, ou as cinquenta palestras radiofónicas gravadas para a BBC durante a 2ª Guerra e destinadas a serem transmitidas para a Alemanha nazi. Sobretudo, diz Lourenço, é “esquecer toda a sua produção ensaística de índole político-filosófica”.
O presente livro vem colmatar precisamente esta lacuna, dando a conhecer pela primeira vez aos leitores portugueses algumas das mais importantes intervenções de Paul Thomas Mann no plano cívico e político. Como reconhece a coordenadora, Teresa Seruya, no extenso e informado prefácio que acompanha a obra, esta última não é exaustiva na recolha dos “textos políticos” de Mann, constituindo uma selecção dos escritos mais representativos e, em particular, dos que mais eloquentemente exprimem o percurso nem sempre linear do autor dos Buddenbrook, desde a apologia da entrada da Alemanha na Primeira Guerra (nos Gedanken im Krieg e nos Gedanken zum Krieg, de 1914 e de 1915, respectivamente) à defesa da República de Weimar (Von deutscher Republik, de 1922), indo até mais tarde, às intervenções antinazis, com realce para a fulgurante «Alocução Alemã. Um Apelo à Razão”, de 1930, e para a obra-prima de mordacidade e ironia intitulada “O meu irmão Hitler”, de 1939. O livro termina com Deutschland und die Deutschen (“A Alemanha e os Alemães”), conferência proferida em Washington, na Biblioteca do Congresso, a 29 de Maio de 1945.
Trata-se de uma resenha aparentemente escassa de apenas seis escritos ou intervenções, mas importa notar que mesmo noutras línguas, como o inglês, o francês ou o castelhano, não existem colectâneas exaustivas destes “ensaios políticos” de Thomas Mann. E deve referir-se, por outro lado, que os textos agora dados à estampa são, sem dúvida, os mais importantes para compreender esta dimensão de um escritor que é por vezes menosprezado –curiosamente, também por causa do relativo “desalinhamento” desta sua faceta cívica e política. Ainda assim, numa futura edição, mais abrangente e completa, poder-se-á incluir, por exemplo, a “Carta Sueca”, saída em Maio de 1915 no jornal Svenska Dagbladet; as importantes “Considerações de um não-político [ou de um apolítico]”, concluídas em 1918; a intervenção antinazi “O que temos de exigir”, de 1932; o discurso “Sobre a vitória próxima da democracia”, proferido numa lecture-tour por quinze cidades norte-americanas em 1938; “Destino e Tarefa”, de 1942; o texto de justificação e ruptura “Porque não regresso à Alemanha”, de 1945; e o discurso de 1949 que Mann profere quer na República Democrática Alemã, em Weimar, quer na Alemanha ocidental, em Frankfurt.
Iam longe os tempos em que, no decurso da Primeira Guerra, Thomas Mann “tocara a mesma trombeta de Maurice Barrès em França”, para usar as ácidas palavras de Pierre Vidal-Naquet no prefácio à tradução francesa do célebre texto de Karl Jaspers sobre a “culpa alemã” (Die Schuldfrage, 1946). Esta observação crítica de Vidal-Naquet é particularmente cruel, e até algo deslocada, uma vez que, após a Grande Guerra, na conferência “Da República Alemã”, de 1922, incluída neste volume, Thomas Mann se mostra bastante cáustico para com “o senhor Maurice Barrès” (“a nós ele não nos pode servir como modelo!”). Por certo, Mann não deve ser eximido a uma escrutínio crítico do seu posicionamento público, bastando confrontar a sua apologia da participação da Alemanha na guerra, feita em 1914 e 1915, com o que dirá mais tarde, na conferência de 1922, onde refere que o seu país sofrera “um abuso constante e criminoso de todas as suas forças por parte daqueles que se diziam seus líderes”. Como se ele, Thomas Mann, não tivesse apoiado entusiasticamente o esforço de guerra desses líderes, a ponto de ter penhorado a sua casa de Bad Tölz para ajudar o belicismo germânico e de entrar em conflito com o seu irmão, Heinrich Mann, com o qual só se reconciliará em 1922. Para esta aproximação familiar certamente contribuiu a sua defesa da República de Weimar, que muitos insistem ter sido motivada pela repulsa perante o assassinato, nesse ano de 1922, do ministro dos Negócios Estrangeiros, o judeu liberal Walther Rathenau, às mãos da direita radical antissemita. Porém, se o assassinato de Rathenau foi o clique decisivo, o seu distanciamento face à violência política e aos movimentos revolucionários vinha de trás. No prefácio a este livro, Teresa Seruya apresenta uma explicação parcialmente convincente para essa inflexão do pensamento de Mann. A oposição inicial de Mann à República de Weimar acompanhava o entendimento de uma parcela significativa da burguesia alemã, à qual o escritor dizia pertencer e que era, não o esqueçamos, o público por excelência dos seus livros (“sou um autor burguês. Sou um artista da burguesia e, portanto, é à burguesia que me dirijo”). Aliás, Mann nunca descurou a projecção pública da sua personalidade e da sua obra, a ponto de, em 1934, ter confidenciado ao seu diário íntimo: “a minha reputação na Alemanha [está] perdida e o representante da cultura alemã tornou-se um leproso”. Considerava-se, sem dúvida, um membro daquilo a que vários autores têm apelidado de “aristocracia intelectual” (Geistesaristokratie), contra a qual a geração do pós-guerra se irá rebelar; mas, quanto a este ponto, o que interessa sublinhar é que o autor de A Montanha Mágica procurou preservar tal estatuto na sua pátria, mesmo após ter sido forçado a exilar-se.
No entanto, se é a sua indiscutível condição burguesa que o faz tomar o partido da República, exortando os jovens alemães a seguirem-no, não é menos certo que, em muitas outras ocasiões, verberou o espírito burguês, a sua obsessão pela “segurança” e a ideia de uma “felicidade burguesmente racional”, sobretudo quando defendeu a entrada da Alemanha na Grande Guerra e criticou asperamente os que condenavam o “militarismo germânico”. Procurou alicerçar teoricamente essa apologia da guerra numa suposta oposição entre “civilização” e “cultura”, dizendo que os alemães, ao contrário dos povos vizinhos, a começar pelos franceses, sempre preferiram a Kultur à Zivilisation. Porquê? Porque a Alemanha era uma nação marcada pelo culto da interioridade, sendo os alemães o “povo da metafísica, da pedagogia e da música”, um povo intrinsecamente apolítico e adverso a uma visão de um “mundo da paz e da civilidade do tipo cancan”. Até ao fim da vida insistirá na inclinação germânica pela música (em 1945 falará da “musicalidade da alma alemã”), mas de um modo que, naturalmente, já não se confunde com a argumentação defensora do belicismo que em 1914 ia ao ponto de dizer que a Alemanha “é guerreira por força da moralidade” e que “a virtude e a beleza da Alemanha (…) só prospera na guerra. A paz não lhe fica bem ao rosto”.
Perante afirmações como estas, poderemos surpreender-nos pela condenação a posteriori dos “sonâmbulos” que encaminharam a Alemanha – e a Europa – para o desastre de 1914-18. Mais perplexidade ainda nos causa o facto de, em 1922, Mann afirmar “sei o que é o sangue, o que é a guerra, o que é a camaradagem”, quando, após apresentar-se à incorporação, em 1914, se ter congratulado por ficar isento da prestação de serviço militar. Na altura, diz ao irmão que se livrou de que lhe “espetassem um mosquete na mão”, porque o médico que o examinara venerava a sua obra como escritor (“Eis um caso, nada típico dos alemães, de corrupção pela literatura”). Pouco depois, em Novembro desse ano, defenderá inflamadamente o espírito guerreiro dos seus concidadãos…
De igual modo – e sem que este inventário implique qualquer juízo moral –, Mann proclama-se medularmente alemão, designadamente quando escreve ao ministro da Interior do Reich, Wilhelm Frick, em 1934, questionando o seu exílio, e dizendo que ele representava “uma falsificação do meu destino natural”. No entanto, após 2ª Guerra, não pretendeu reconciliar-se com esse “destino natural”, nem regressou à Alemanha em cinzas. Pelo contrário, na conferência que profere em Washington proclama várias vezes a sua qualidade de cidadão americano (e é quase com orgulho que revela ter recusado a nacionalidade checa, que entretanto lhe fora oferecida). Afirma, inclusivamente, que “dado o actual estado do mundo, creio que a minha germanicidade está em muitos melhores mãos no universo hospitaleiro e cosmopolita, racial e nacional, a que se dá o nome de América”. E é a partir da América que flagela o seu país natal, dizendo que “a noção alemã de liberdade é nacionalista, antieuropeia, situando-se muito perto da barbárie – quando não se transforma completamente em barbárie aberta e declarada, como sucede nos nossos dias”. Distantes eram os tempos em que, como vimos, Mann saudara o seu povo, o seu Kulkturvolk, que vivia da interioridade, apaixonado pela metafísica e pela música. Agora, bem diferentemente, diz que, no seu “nacionalismo egoísta”, no seu “servilismo militante”, aos alemães faltava liberdade interior. Mais ainda: considera que “um povo que não tem liberdade interior e não se responsabiliza pelos seus próprios actos não merece a liberdade exterior, nem tem direito a falar sobre ela”.
Equivaleria isto, no limite, a sustentar que a Alemanha do pós-guerra deveria ser governada pelas potências ocupantes, na linha do famoso Plano Morgenthau? Não nos apressemos na resposta, uma vez que as palavras de Mann em 1945 não se limitam a menosprezar os alemães; pelo contrário, resgatam-nos, num certo sentido, com o argumento da sua atávica aversão à política: “o alemão, por natureza, não sabe lidar com a vida e revela-se pouco vocacionado para a política, na medida em que se rege pelo princípio da honestidade. Não sendo por natureza perverso mas inclinado para o lado ideal e intelectual, o alemão considera que a política se resume a mentira e crime, fraude e violência”.
As contradições e ambivalências do discurso político de Thomas Mann não são um exclusivo seu; pertencem antes a uma modalidade retórica de uma geração de intelectuais públicos que, por duas vezes no espaço de uma vida, foi obrigada a “explicar”, digamos assim, a tragédia que dilacerou a Alemanha em 1914-18 e, depois, em 1939-45. Thomas Mann, devemos reconhecê-lo, não se exime a carregar o fardo da “culpa alemã”, mesmo quando se proclama cidadão norte-americano. Procura, todavia, encontrar uma justificação para a culpabilidade germânica, fazendo-o, todavia, de uma forma bem menos subtil do que a que encontramos no já citado texto de Karl Jaspers, que introduz, como é sabido, um apelativo distinguo entre “culpa colectiva” e “responsabilidade colectiva”.
Neste particular, Thomas Mann, como todos os intelectuais alemães do pós-guerra, não pôde deixar de se envolver na famosa questão do “apaziguamento com o passado” (Vergangenheitsbewältigung), a qual persistiu, sob outras vestes, em tempos mais recentes, antes e depois da reunificação, e com uma tal intensidade que chegou a despertar a repulsa de alguns – como Dahrendorf, Enzensberger ou Habermas – pela forma como a Alemanha se dilacerava (ou comprazia?) a discutir a sua “identidade” ou o seu “desígnio”. O contributo de Thomas Mann para esse debate não é especialmente denso ou significativo. Na esteira do que há muito vinha dizendo, inclusive nos escritos de 1914 e de 1915 em que apelara à participação da Alemanha na guerra, fala da tendência germânica para uma “interioridade protegida pelo Estado” (machtgeschützte Innerlichkeit), responsável pela inclinação dos alemães para a música e a metafísica e pela sua ingenuidade ou indiferença em matéria política, mas não envereda por um discurso próximo da tese da trahison des clercs avançada por Julien Benda em 1927. Pelo contrário, ao deslocar-se às duas Alemanhas, proferindo em ambas o mesmo discurso por ocasião do 200º aniversário de Goethe, Thomas Mann figurou a Alemanha como uma Kulturnation, mobilizando uma concepção culturalista da identidade germânica que ultrapassava fronteiras e, por conseguinte, era alheia a divisões territoriais fratricidas. Compreende-se, assim, a reacção negativa que essa visita suscitou no Ocidente. Ao proferir, nas duas Alemanhas, a mesmíssima alocução, Mann assinalava que, através de uma “casa comum”, uma Heimat edificada pela partilha de uma língua franca, a todos os intelectuais, unidos ou separados, deveria ser atribuído um papel central na reconstrução do país enquanto “nação de cultura”, como salienta Jan-Werner Müller no seu livro Another Country. German intellectuals, unification and national identity (Yale University Press, 2000). Essa perspectiva, que seria recuperada pela intelectualidade alemã de esquerda de finais da década de 1950 e princípios dos anos 60, servia na perfeição os propósitos políticos das autoridades de Leste. Simplesmente, Mann autoexcluía-se dessa tarefa de restauração da identidade cultural germânica, optando por viver nos Estados Unidos e fixando-se na Suíça em 1952, onde faleceu em Zurique, três anos depois, desiludido com a derrocada da América do New Deal e o advento da “caça às bruxas” do macartismo (cf. João Medina, Dois Exilados Alemães. Klaus Mann e Thomas Mann no exílio antinazi, 2003, pp. 74ss). Tentou explicar a sua atitude de não voltar à pátria logo em 1945, no texto “Porque não regresso à Alemanha”, o que lhe valeu a crítica de colegas de ofício, como Walter von Molo e Frank Tiess, que atacaram os que, preferindo o conforto do exílio, se furtavam às suas responsabilidades na reconstrução espiritual de uma terra em escombros.
Contudo, juízos de carácter e avaliações de culpa são desaconselháveis e precipitados, até porque existe um volume imenso de informação que interessa ter presente, seja a que resulta da correspondência de Mann, seja a que consta dos seus “diários”. Entre as missivas, a mais controversa, aquela que deu azo a maiores especulações, e a que atrás se aludiu, foi dirigida em 1934 ao Ministro do Interior do Reich. Se nessa carta existe mágoa pela proibição de regressar à Alemanha, e se nela se exprime a intenção de “poder voltar a casa”, há também a intrigante promessa de, mantendo-se no exterior do Reich, ou seja, vivendo no estrangeiro, não tomar posições políticas e dedicar-se em exclusivo à escrita literária. Porventura, Mann pretenderia com essa promessa proteger os seus filhos, dos quais os dois mais velhos ainda se encontravam na Alemanha. A carta a Frick mantém, assim, uma indiscutível ambiguidade entre o desejo de retorno a Munique e a promessa de não contribuir, a partir do estrangeiro, para a propaganda contra o nacional-socialismo. Trata-se de uma atitude que, no limite, só é explicável no contexto dos “tempos sombrios” então vividos, para usar as palavras que deram título a um conhecido livro de Hannah Arendt.
Naturalmente, a questão é mais complexa – e o desejo de “segurança”, em si mesmo, não fornece uma explicação inteiramente satisfatória para as sinuosidades de percursos como os de Thomas Mann. De igual modo, o facto de, por exemplo, ter louvado o trabalho monumental de Paul Merker, Deutschland – Sein oder Nicht Sein, publicado em 1944 na Cidade do México e considerado um dos mais importantes contributos analíticos do regime nazi numa perspectiva marxista, não faz de Thomas Mann um comunista, de forma alguma. Aliás, o livro de Merker seria proibido na Alemanha de Leste e teve escasso relevo nos debates sobre o nazismo que a esquerda alemã ocidental travou na década de 1960, como salienta Jeffrey Herf em Divided Memory. The Nazi Past in the Two Germans (Harvard University Press, 1997). No entanto, Thomas Mann deslocar-se-á à Alemanha de Leste em 1949 e, mais ainda, depois de muito hesitar, optou por não fazer uma visita ao antigo campo de concentração de Buchenwald, nas imediações de Weimar, entretanto adaptado a outro uso pelas tropas russas. Segundo parece, Mann não visitou Buchenwald para não desagradar aos soviéticos e às autoridades da RDA, o que lhe valeu uma chuva de críticas na Alemanha ocidental e nos Estados Unidos. A isso poderia Thomas Mann replicar, e com razão, que no seu discurso na Biblioteca do Congresso rejeitou por completo a ideia de que existiriam duas Alemanhas: uma, maléfica e terrível; outra, radiosa e promissora. “Quem é alemão, está implicado no destino alemão e na culpa alemã”, não existindo “o bom alemão” ou, se quisermos, uma Alemanha amante da liberdade e da igualdade, a Leste, e outra comprometida com o passado nazi, a Oeste. Ora, e como assinala Jeffrey Herf, essa sempre foi a estratégia da “política de memória” da Alemanha de Leste, que procurou que o odioso do nazismo recaísse apenas sobre a RFA, onde se descobriam e julgavam antigos altos funcionários nazis ou se pagavam indemnizações às vítimas da guerra e do Holocausto. Como se vê, na trajectória de Mann do pós-guerra existe um compromisso inequívoco com o Ocidente e com a sua nova pátria adoptiva, a América, mas não há nessa atitude uma tentativa de se eximir à “culpa alemã”, nem que para o efeito fosse necessário visitar tanto a Paulskirche, de Frankfurt, como o Teatro Nacional de Weimar, proferindo em ambos os lugares um discurso idêntico, e ademais pouco sintonizado com o confronto ideológico que a Guerra Fria prenunciava. Tão-pouco Mann faz a defesa, cara a alguma intelectualidade conservadora, de um humanismo fundado nos valores cristãos e numa certa ideia de “Europa”; mas, do mesmo passo, também não advoga o resguardo do silêncio, como Carl Schmitt, a revivescência da fé, como Ernst Jünger, ou a culpabilização do humanismo ocidental, como Martin Heidegger.
Em suma, esta antologia de textos ilumina o percurso complexo de um dos maiores escritores do século XX. Eis uma razão suficiente para saudar a sua publicação, esperando-se que, a breve trecho, os diários de Thomas Mann ou uma parte mais substancial dos seus textos políticos sejam editados entre nós, como bem merecem.