Bom Natal para o comércio com gastos a subir 7%

Comerciantes dizem que os consumidores estão mais optimistas e que o turismo está a dinamizar o sector no Porto e em Lisboa.

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Um bom Natal para o comércio Barbara Raquel Moreira/arquivo

Para o comércio e para os serviços, este foi um bom Natal. Com a confiança na economia a crescer e com a ajuda do turismo, os consumidores estão a gastar mais nesta época natalícia.

Os números divulgados nesta terça-feira pela SIBS, que gere a rede Multibanco, indicam que os levantamentos e as compras com cartão somaram, entre 28 de Novembro e 25 de Dezembro, 5674 milhões de euros, um aumento de 7% em relação ao período comparável de 2015. Como já é habitual, o uso de cartões bancários representou a maior fatia daquele montante, aproximando-se dos 58%, ligeiramente acima do verificado no ano passado.

“Os portugueses consideram que o seu rendimento aumentou. De uma maneira geral, há um clima mais propício ao consumo, os consumidores estão mais alegres”, observou Ana Isabel Trigo Morais, directora-geral da Associação Portuguesa da Empresas de Distribuição (APED), que agrega super e hiper mercados, cadeias de roupa e grandes superfícies de retalho.

As declarações de Ana Morais foram feitas ao PÚBLICO na semana passada, antes dos últimos dias de compras de Natal e quando representantes do pequeno comércio e serviços das duas maiores cidades do país, também ouvidos pelo jornal, esperavam ainda pelo afluxo de quem deixa as prendas para a última hora.

“A nossa expectativa é que o Natal de 2016 seja mais optimista, porque tem vindo a crescer a confiança dos consumidores, que acreditam mais na situação actual do país”, observou a directora-geral da APED, num comentário que vai ao encontro de dados recentes divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística: Setembro, Outubro e Novembro foram meses de subida no indicador de confiança dos consumidores, com os inquéritos a mostrarem que as pessoas estão mais optimistas, sobretudo, quanto à evolução do desemprego e da situação económica do país, bem como, embora em menor grau, em relação às finanças familiares (pelo contrário, a confiança do sector do comércio e serviço registou no mês passado uma descida).

 A APED ainda não tem dados de facturação da época festiva, mas, apesar da evolução positiva, Ana Trigo de Morais ressalva que os valores não estão nos níveis que se registavam antes de 2011, ano do empréstimo internacional feito ao país pela troika e de um período em que o desemprego viria a atingir picos históricos. “Não podemos dizer que podemos recuperar o mercado todo tal como existia em 2009 e 2010.”

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A poucos dias do Natal, os comerciantes em Lisboa afirmavam estar no mesmo nível de vendas de 2015, mas antecipavam uma aceleração. Do lado da União das Associações do Comércio e Serviços de Lisboa, que junta os pequenos lojistas e serviços como a restauração, a presidente Carla Salsinha estimava uma subida de facturação em torno dos 10%. E o final do ano estava a revelar-se melhor do que o arranque. “Iniciámos o ano com uma estagnação, as pessoas estavam com algum receio de um novo Governo. Notámos que o primeiro trimestre foi terrível”, referiu. Os clientes voltaram "a ganhar confiança e, fruto de estarem a receber alguns dos rendimentos que lhes tinham sido retirados, estão de novo a voltar a consumir.”

Os muitos turistas que têm visitado a capital dão uma ajuda. “Temos um disparar brutal do turismo, o que implica mais gente a trabalhar. Essas pessoas vão gastar dinheiro e consomem directamente no comércio de proximidade”, notou Salsinha.

No Porto, o clima é de muito optimismo. “A cidade do Porto vive uma reabilitação, quer urbana, quer a nível das suas lojas”, explicou o presidente da Associação de Comerciantes do Porto, Nuno Camilo. “As empresas estão a renovar aquilo que é a sua oferta, há uma regeneração das lojas e há uma oferta diversificada. O turismo criou postos de trabalho e as pessoas passaram a poder consumir”, descreveu, acrescentando que nota “um sentimento de mais alguma tranquilidade” desde a saída da troika. Nuno Camilo estimou que as vendas natalícias possam ter naquela cidade um aumento em torno dos 20%, em linha com a subida observada no resto do ano.

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