Costa quer mais educação para acabar com o “maior e verdadeiro défice” do conhecimento
O primeiro-ministro centrou a mensagem de Natal no tema da educação, com enfoque na generalização do pré-escolar até aos três anos e no programa Qualifica.
Em vez de uma mensagem mais política, como fez na primeira do mandato no ano passado, este ano, o primeiro-ministro preferiu concentrar a sua mensagem de Natal aos portugueses no tema da educação. Aos portugueses, admitiu que o "maior e verdadeiro défice, quando comparamos Portugal com os outros países europeus, é o do conhecimento” e por isso o Governo vai trabalhar para a “democratização do conhecimento”.
Todos os anos os primeiros-ministros dirigem uma mensagem de Natal a partir da residência oficial. Este ano, António Costa inovou e decidiu gravar a mensagem no Jardim de Infância do Lumiar, em Lisboa. Se António Guterres tinha a educação como paixão, António Costa quer seguir os passos do ex-primeiro-ministro socialista e aposta neste tema como prioridade e como base para a solução estrutural dos problemas do país.
“A democratização do conhecimento é essencial para reduzir as desigualdades e garantir a todos iguais oportunidades de realização pessoal”, disse António Costa nos poucos minutos que durou a mensagem. Para essa “democratização”, Costa aponta a realização de alguns programas do executivo que tomaram forma no primeiro ano de Governo. “É por acreditarmos profundamente que o conhecimento é a chave para o nosso futuro, que fixámos como objectivo fundamental generalizar o ensino pré-escolar a todas as crianças a partir dos três anos de idade e que lançámos o programa Qualifica, dirigido especialmente à educação e formação dos adultos”.
A generalização do pré-escolar a partir dos três anos de idade é um objectivo para o ano lectivo de 2018/2019, contudo, este ano foi alargado a todas as crianças a partir dos quatro anos.
“Para termos uma cidadania exigente e informada, para termos melhores empregos, empresas mais produtivas e uma economia mais competitiva, temos de investir na cultura e na ciência, na educação e na formação ao longo da vida”, defendeu.
Desta vez, António Costa preferiu uma mensagem de Natal menos política, sem referência à oposição, ao Governo passado ou mesmo aos parceiros de Governo, PCP, BE e PEV. Um ano depois, Costa conseguiu aprovar dois orçamentos do Estado (o de 2016 e agora o do próximo ano), que foi promulgado em tempo recorde pelo Presidente da República, quatro dias antes do Natal. E se em 2015, um mês depois de tomar posse como primeiro-ministro, o recém-empossado primeiro-ministro falava de um “tempo novo” que permitiria “virar a página da austeridade”, um ano depois, a palavra “austeridade” não aparece, nem “dificuldades” ou “sacrifícios”. A única palavra associada a más notícias que foi dita pelo chefe do Governo foi “défice”, mas não para falar do défice orçamental.
“O nosso maior e verdadeiro défice, quando comparamos Portugal com os outros países europeus, é o do conhecimento”, disse. Apesar “dos excelentes resultados recentemente alcançados, em estudos internacionais” que “revelam o sucesso do esforço, da dedicação e da qualidade dos nossos alunos, educadores e professores e o investimento continuado que as famílias e o país têm feito desde o 25 de Abril, na cultura e na educação, na ciência e na formação, para vencermos este atraso histórico”. Neste ponto, o primeiro-ministro referia-se aos resultados do PISA, em que pela primeira vez os alunos portugueses ficaram acima da média da OCDE.
Também na mensagem do ano passado, Costa falou de jovens, com enfoque naqueles que tiveram de emigrar, prometendo empenho para que regressassem. Agora voltou a falar na relação da formação com o emprego. “Queremos e precisamos destes jovens. A pobreza e a precariedade laboral são as maiores inimigas de uma melhor economia. Teremos melhor economia com melhores empresas e melhores empresas com melhores empregos. Neste Natal, quando as famílias se reúnem, lembremo-nos que a melhor prenda que podemos dar aos nossos filhos, sobrinhos ou netos é o futuro de uma sociedade digna em que todos possam aceder ao melhor conhecimento”, defende.