Portugal já prepara segurança da visita do Papa
Já existe um plano preparatório da visita. Secretária-geral do Sistema de Segurança Interna tem a seu cargo a articulação das forças e serviços de segurança. Controlo documental poderá ser reposto em todas as fronteiras nacionais.
Portugal já está a preparar a segurança da visita do Papa Francisco a Fátima, a 12 e 13 de Maio, na celebração do centenário das aparições. Já existe um plano preparatório da visita, que determina onde o líder da Igreja Católica irá aterrar e como se deslocará no dia e meio que estará no país. O sumo pontífice deverá chegar no dia 12 durante a tarde à base aérea de Monte Real e deverá regressar a Roma após as cerimónias religiosas do dia 13.
A articulação das forças e dos serviços de segurança está a cargo da secretária-geral do Sistema de Segurança Interna, a procuradora Helena Fazenda, segundo um despacho conjunto das ministras da Administração Interna e da Justiça, publicado a 15 de Novembro.
Na semana passada já houve uma reunião entre os responsáveis máximos das diversas forças e serviços representados no Gabinete Coordenador de Segurança, que integra os comandantes-gerais da GNR e da Polícia Marítima, os directores nacionais da PSP, da PJ e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e os responsáveis das secretas, além da Autoridade Nacional de Aviação Civil e da Autoridade Nacional de Protecção Civil. Mas há vários meses que se realizam reuniões preparatórias. As autoridades portuguesas estão igualmente a coordenar-se com os responsáveis pela segurança do Vaticano, com uma vasta experiência em deslocações deste tipo.
O facto de o Papa concentrar a sua visita em Fátima e não se deslocar a nenhuma grande cidade, ao contrário do que tem acontecido noutras visitas, condicionará a forma como o dispositivo de segurança será montado. Apesar de, por um lado, reduzir a exposição do líder da Igreja Católica, a concentração de pessoas naquela cidade não irá facilitar o trabalho das autoridades.
O grosso do dispositivo no terreno será da responsabilidade da GNR, que garante a segurança em Fátima, ficando o comando da operação nesta força sob a tutela do comando-geral e não do comando territorial de Santarém, como já aconteceu em casos anteriores, adiantou ao PÚBLICO o porta-voz da instituição, major Bruno Marques. Estarão mobilizadas as unidades de intervenção e de segurança e honras do Estado, que integram, entre outros, o Grupo de Intervenção de Operações Especiais, o Grupo de Intervenção Cinotécnico, o Centro de Inactivação de Explosivos e o patrulhamento a cavalo.
O sistema de videovigilância do Santuário de Fátima, operado pela GNR, foi melhorado, passando a ter mais câmaras e a usar tecnologia mais moderna, que permite uma melhor definição das imagens e um zoom aumentado.
No entanto, todas as forças e serviços de segurança vão participar no dispositivo e articular-se, já que é esperado um grande fluxo de peregrinos, o que significa múltiplas deslocações dentro do país e a vinda de inúmeros estrangeiros. Espera-se ainda a presença em Fátima de altas figuras do Estado português e de outros países. O controlo documental poderá ser reposto em todas as fronteiras portuguesas, como aconteceu durante a cimeira da NATO, em finais de 2010. A decisão só deverá ser tomada mais perto da data da visita.
Os serviços secretos e a PJ têm um papel fulcral na recolha e troca de informações, cabendo aos primeiros determinar o grau de ameaça terrorista do evento, naturalmente elevado, dada a importância e o simbolismo do Papa. Esta avaliação não é estática, podendo o grau de ameaça ser agravado até à visita.
A responsável pelo departamento de comunicação do Santuário de Fátima, Carmo Rodeia, não esconde que espera uma enchente a 12 e 13 de Maio, devido à combinação de dois factores: o centenário das aparições e a visita do Papa. A responsável nota que o recinto de oração tem capacidade para 330 mil pessoas, que pode chegar às 500 mil se se incluir as imediações. Fátima, estima, terá capacidade para um milhão de pessoas, mas não mais. Neste momento estão a decorrer obras de repavimentação do recinto de orações, que se juntarão a um conjunto de melhoramentos já feitos no santuário. “Queremos criar as melhores condições para que os peregrinos sejam bem acolhidos”, disse ao PÚBLICO.