John Glenn, o primeiro americano a entrar em órbita, morreu esta quinta-feira, aos 95 anos, no hospital da Universidade do Ohio, em Columbus.

Aviador, engenheiro, astronauta, John Glenn foi também senador dos Estados Unidos pelo Partido Democrata, tendo entrado na política por sugestão de John F. Kennedy.

Glenn era um dos chamados “Mercury Seven”, um grupo de pilotos de testes dos meios militares seleccionados em 1959 pela NASA para se tornarem os primeiros astronautas americanos a participar no projecto espacial Mercúrio, a Friendship 7.  

É a bordo desta cápsula que John Glenn se torna, no dia 20 Fevereiro de 1962, o primeiro astronauta americano a entrar em órbita e a quinta pessoa a ser enviada para o espaço, depois dos cosmonautas soviéticos Yuri Gagarine e Gherman Titov e de outros dois astronautas do projecto Mercúrio, Alan Shepard e Gus Grissom, que já então tinham participado em missões sub-orbitais. Com a morte de Scott Carpenter, em 2013, Glenn era o último sobrevivente dos “Mercury Seven”.

Quando foi recrutado pela NASA, Glenn era já um condecoradíssimo aviador, a quem se devia, por exemplo, o primeiro voo transcontinental a uma velocidade média supersónica, em 1957.

O astronauta retirara-se da NASA em 1964, com a intenção de concorrer ao Senado americano pelo estado de Ohio, mas viu-se obrigado a cancelar os seus planos devido a uma queda na casa de banho, contingência que não deixa de ser irónica para quem passara os últimos anos a enfrentar os consideráveis riscos das primeiras missões espaciais.

Acabou por ser eleito senador pelo Ohio em 1974, funções que desempenhou até 1999. Era ainda senador quando, a 29 de Outubro de 1998, se tornou a pessoa mais velha a ter navegado no espaço, e a única a ter participado quer em missões no âmbito do projecto Mercúrio, quer em voos dos posteriores porgramas Space Shuttle. Tinha 77 anos, quando integrou a equipa que foi lançada no espaço a bordo da nave Discovery STS-95.

Quando entrou em órbita, nesse histórico dia 20 de Fevereiro de 1962, e imediatamente antes de dar três voltas completas ao planeta, durante quase cinco horas, John Glenn deixou uma lacónica declaração à posteridade: "Zero G, and I feel fine".