O que pensam os cães enquanto esperam pelos donos?

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A inspiração veio de uma experiência de miúdo. Martin Usborne devia ter uns quatro anos quando, num dia, os pais o deixaram fechado no carro. Talvez por uns quinze minutos, provavelmente por causa de uma ida rápida ao supermercado dos progenitores. Nada de grave, portanto, mas ainda assim marcante. O fotógrafo não esquece o sentimento de medo. "Queria saber se alguém ia voltar. O medo que sentia era forte: na cabeça de uma criança é possível ficar sozinho para sempre", recorda em conversa com o site My Modern Met. Por aquela altura, Martin começou a sentir uma grande afinidade com os animais — sobretudo com a vulnerabilidade e dependência destes em relação aos seres humanos. O projecto The Silence of Dogs in Cars — que foi um sucesso numa campanha de "crowdfunding" e está agora editado num livro — veio desta experiência. Martin quis mostrar, através dos patudos, uma gama de sentimentos e reacções típicas dos humanos: medo, raiva, tristeza, resignação, agressividade. Mas, ao fotografar, surpreendeu-se com as "reacções subtis dos cães: alguns tristes, alguns expectantes, uns irritados, outros abatidos", conta. "Era como se ao abrir uma caixa de lápis de cores de cinza me surpreendesse por ver tantas sombras." As imagens escuras e cinematográficas não são apenas uma abordagem pesada — em algumas, como a do dálmata sentado no banco de trás ou a de um cão que parece conduzir de tão focado que está na estrada, há também algum sentido de humor. Martin Usborne já se tornou conhecido pelos seus trabalhos dedicados a animais. Recentemente, publicou um livro chamado Spanish Hunting Dogs.