Amazon lança site para atrair PME portuguesas
Gigante do comércio online lança nesta quarta-feira plataforma destinada a empresas nacionais que queiram vender nos cinco sites europeus da marca.
A Amazon lança nesta quarta-feira a primeira plataforma destinada às Pequenas e Médias Empresas (PME) que queiram vender no gigante online. Ainda não é desta que a empresa de Seattle cria um site específico para Portugal, mas é a primeira vez que investe em comunicação pensada para o mercado nacional.
Fonte oficial da empresa adiantou ao PÚBLICO que, actualmente, são mais de mil as empresas portuguesas que vendem na Amazon. A intenção é aumentar rapidamente este número. Até agora era preciso fazer o registo numa das páginas da marca na Europa (Espanha, França, Reino Unido, Alemanha e Itália) para ter acesso à plataforma. As empresas portuguesas passam agora a ter um site próprio e a poder listar produtos nos mercados europeus através de uma única conta. Podem também ter acesso à rede de logística, centralizada em Madrid. Cada produto posto à venda fica disponível nas cinco páginas da Amazon na Europa.
“Não se trata de criar uma amazon.pt. Este é um modelo pensado para as empresas. Na Europa, as empresas que já usam facturaram, no ano passado, quatro mil milhões de euros através da Amazon e venderam mais de mil milhões de unidades. Cerca de 50% venderam para mais um país, além do seu”, adianta a mesma fonte.
Portugal é o terceiro país a ter uma plataforma específica para as PME, depois da Polónia e da Holanda. A empresa explica que foi identificado “um potencial no tecido empresarial”, já que se trata do “segundo país da União Europeia com mais PME por cada 100 habitantes”. Além disso, “está agora num momento de transição em relação ao digital”.
“O comércio online está a crescer mais do que a média europeia”, diz, acrescentando que a Amazon quer aproveitar o contexto de “digitalização do tecido produtivo” e o impulso dado pelo empreendedorismo, que considera “muito dinâmico”.
O facto de existirem já mais de mil empresas portuguesas na Amazon “é um indicador de que há interesse e potencial de crescimento”, continua. Em troca do acesso à plataforma, o gigante do comércio online cobra uma comissão de 15% sobre o produto vendido. Os custos aumentam se a distribuição e o apoio ao cliente forem assumidos pela Amazon.
Questionada pelo PÚBLICO, a mesma fonte oficial diz que não está em cima da mesa a criação de um centro logístico em Portugal. Em Espanha há quatro, distribuídos por Madrid e Barcelona. Quanto ao site de comércio online em português, recorda que a última página lançada na Europa foi em 2011 (a amazon.es). “A página na Alemanha está em inglês, polaco e turco para que os consumidores possam ter a mesma experiência de compra”, justifica.
Entre os produtos vendidos por empresas portuguesas na plataforma aqueles que têm registado mais vendas são os equipamentos móveis e de informática e os da área têxtil e calçado. A multinacional americana – que não tem qualquer estrutura em Portugal – acredita que o “têxtil e o calçado podem ser sectores que podem utilizar a ferramenta de forma intensiva”. “Também vemos muito potencial nos produtos alimentares”, como vinho e queijo, que se podem diferenciar face à oferta disponível noutros países.
A presença tímida em Portugal contrasta com o alcance global da empresa fundada por Jeff Bezos.Tem 300 milhões de clientes em todo o mundo e viu aumentar as vendas em 25% nos últimos 12 meses, para 117 mil milhões de dólares (cerca de 109 mil milhões de euros ao câmbio actual). As estimativas para o último trimestre – que já incluem os impactos do Natal e o previsível aumento de facturação – apontam para subidas de 25% face ao ano passado. O valor de mercado da empresa está estimado em 365 mil milhões de dólares.
Com estes números, os analistas traçam novas apostas para o futuro: este ano a Amazon poderá transformar as vendas em lucros de 4,8 mil milhões de dólares e 6,9 mil milhões em 2017.
Há, contudo, uma outra face do gigante online. Nos Estados Unidos – e apesar de sempre ter negado - tem estado debaixo de fogo, acusada de más práticas laborais. Na quinta-feira soube-se que um trabalhador se tentou suicidar na sede, em Seattle. De acordo com a Bloomberg o funcionário tinha pedido para ser transferido mas foi colocado num plano interno de melhoria que poderia determinar o seu despedimento caso não melhorasse o desempenho.