Consumidores estão mais confiantes, mas o clima económico diminui
Mais confiantes sobre a sua situação financeira, mas menos esperançados em relação à evolução do desemprego – eis a percepção dos consumidores sobre o país.
Depois de recuperar em Setembro e Outubro, a confiança dos consumidores portugueses medida pelo Instituto nacional de Estatística (INE) voltou a melhorar em Novembro, ao contrário da tendência a que se assistiu no chamado clima económico apurado junto dos vários sectores de actividade empresarial.
Com base em inquéritos mensais de conjuntura, o INE conclui qual é a percepção dos consumidores sobre a evolução económica do país: “Aumentou em Outubro e Novembro, mais expressivamente no último mês”, ao mesmo tempo em que as expectativas para os 12 meses seguintes também recuperaram, o que também já acontecera nos dois inquéritos anteriores.
Os dados publicados nesta terça-feira pelo INE mostram que os consumidores estão também mais confiantes quando antecipam a evolução da situação financeira do agregado familiar – neste indicador, diz o INE, houve um aumento ligeiro. Mas se esta é a nota dominante quando se olha para o futuro, diferente é o resultado relativamente às apreciações sobre a evolução da situação financeira familiar, cujo indicador “diminuiu de forma ténue em Novembro, após ter atingindo em Outubro o valor máximo desde Novembro de 2001, na sequência da trajectória ascendente iniciada em Junho de 2013”.
Ao avaliarem a evolução da poupança no momento actual, o resultado dos inquéritos aponta para uma recuperação nos últimos três meses, depois de uma descida nos três anteriores (os dados mais recentes da poupança real, ainda do segundo trimestre, mostram que a taxa, embora tenha subido, continua colada a mínimos históricos; a parte do rendimento disponível que não é utilizada no consumo correspondia a apenas 3,9%). Já as “expectativas sobre a evolução da poupança estabilizaram no valor máximo desde Abril de 2015”, depois de um aumento nos quatro meses anteriores.
Relativamente à realização de compras importantes, a tendência que se registava desde Janeiro era de melhoria, mas esse movimento foi interrompido agora, depois de em Outubro ter atingido um pico.
Menos confiantes no comércio
Apesar da redução consecutiva da taxa de desemprego, as perspectivas dos consumidores têm vindo a diminuir: o indicador caiu nos últimos três meses e “de forma mais significativa em Novembro, atingindo o valor mínimo da série” do INE.
Como resultado global, o indicador de confiança vai em sentido ascendente. Embora tenha aumentado e atingido o valor mais alto em 16 anos – está no máximo desde Outubro de 2000 – este indicador está desde sempre em valores negativos. Está, portanto, menos negativo.
Quanto à avaliação dos empresários, o indicador de clima económico – que, ao contrário do índice dos consumidores, é positivo – diminuiu nos últimos dois meses, depois de subir em Agosto e Setembro. Em Novembro, a confiança baixou na construção e obras públicas, no comércio e nos serviços, só melhorando na indústria transformadora.
No comércio, as opiniões em relação ao volume de vendas e o volume de stocks deu um contributo negativo para o indicador; nos serviços, o índice recuou num momento em que se agravaram as “opiniões e perspectivas sobre a evolução da carteira de encomendas e apreciações sobre a actividade da empresa”.
Já no caso da indústria, a confiança aumentou em Outubro e Novembro, com base em numa avaliação positiva das “perspectivas de produção, evolução dos stocks de produtos acabados e sobre a procura.