O punk voltou a arder 40 anos depois

Joe Corré, filho dos pais do punk (Malcolm McLaren e Vivienne Westwood), organizou o funeral do género este sábado, protestando contra a sua comercialização e incendiando memorabilia vária num barco.

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O "funeral" no rio Tamisa Reuters/NEIL HALL
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Joe Corré Reuters/NEIL HALL
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Vivienne Westwood também participou no evento Reuters/NEIL HALL

Dito e feito. O filho de Malcolm McLaren, o agente nos anos 1970 da banda britânica Sex Pistols, tinha afirmado há dias que incendiaria milhões de dólares em recordações do famoso grupo punk, em protesto contra a apropriação da cena musical pelo mercado de massas, e assim aconteceu. "O punk está morto’”, disse Joe Corré numa conferência de imprensa na quinta-feira, no Reino Unido. Este sábado realizou-se o seu funeral.

Quarenta anos depois do lançamento de Anarchy in the UK, o single dos Sex Pistols, que deu visibilidade do movimento punk em Inglaterra, Joe Corré decidiu protestar contra aquilo que acha ser a comercialização do género. Fê-lo através de uma acção que o próprio apelidou de Burn Punk London, queimando quase 6 milhões de euros em memorabilia, entre gravações raras dos Sex Pistols, roupa da mãe (a designer de moda Vivienne Westwood) ou de John Lydon e ainda um boneco de Sid Vicious com uma cruz suástica.

O filho de McLaren e Westwood argumenta que o punk se transformou apenas em mais uma marca que acaba por vender algo de que não se necessita. O principal alvo de Corré, que co-fundou a marca de lingerie Agent Provocateur, foi a Punk London, uma série de eventos organizados este ano em celebração dos 40 anos do punk, patrocinado por instituições como a British Library ou o Museu de Londres. "Ter a Rainha a dar a bênção a este 'ano do punk', em 2016, foi a coisa mais assustadora que já ouvi", proclamou ele.

A colecção foi incendiada juntamente com várias efígies de políticos (da primeiro-ministra Theresa May aos antecessores David Cameron e Tony Blair), vestidos nas roupas dos Sex Pistols. Tudo isto aconteceu num barco ao largo de Chelsea, em Londres, com Corré a dirigir-se a uma centena de pessoas nas margens. Houve ainda espaço para relembrar o pai, com ele a dizer que McLaren, falecido em 2010, teria achado o seu acto, no mínimo, "hilariante".

Já o ex-vocalista dos Sex Pistols, John Lydon, criticou Corre na última quinta-feira, afirmando à imprensa britânica que a colecção deveria ser vendida e doada para caridade.

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