"Reencontrar a grandeza de França"
Um dia destes Sarkozy proclamará que só ele "reencontrará a grandeza de França", imitando a frase de campanha de Trump.
Nicolas Sarkozy não festejou a eleição de Donald Trump, como o fez a Frente Nacional e a família Le Pen. Denunciou até "o populismo" do milionário norte-americano. Mas a chegada de Trump à Casa Branca deu novo alento ao ex-Presidente francês, que tenta regressar ao Palácio do Eliseu e critica os muitos que reagem com horror ao magnata americano. "Não aceito que, quando 58 milhões de americanos votam por Trump, se torça o nariz e se diga: é populismo".
Sarkozy tem feito campanha "contra as elites e o sistema", à maneira de Trump, apesar dele próprio fazer parte do sistema – foi ministro, primeiro-ministro ou Presidente desde a década de 1990 – e da elite francesa. Desde que se soube o resultado das eleições americanas, próximos de Sarkozy têm feito paralelismos entre Hillary Clinton e Alain Juppé, o favorito nas primárias. Dizem que Juppé "é o candidato do sistema", da "transição mole".
Nicolas Sarkozy teve uma ideia, que terá funcionado nas presidenciais de 2007, e nunca mais a abandonou, como um sistema operativo que deixou de ter actualizações, ainda que essa ideia não tenha funcionado em 2012 e também não esteja a dar grandes frutos agora: copiar o discurso de extrema-direita da Frente Nacional para que os eleitores votem nele e não no partido dos Le Pen.
Por isso a defesa da "identidade nacional" se tornou num estandarte que não consegue abandonar, com matizes racistas e securitárias, anti-imigração e discriminatória dos franceses muçulmanos, agravando as divisões da sociedade francesa. Reivindicou os "antepassados gauleses", num assomo soberanista que nada influi na política e problemas da sociedade actual.
Dir-se-ia que que um dia destes Sarkozy proclamará que só ele "reencontrará a grandeza de França", imitando a frase de campanha de Trump.