Ministro da Economia acusa empresas de “chantagem”
Caldeira Cabral respondia a uma pergunta sobre a decisão da Refrige (Coca-Cola) de suspender investimento por causa do imposto sobre as bebidas com açúcar, previsto no OE.
O ministro da Economia afirmou nesta terça-feira que o "Governo não deve estar atento a chantagens", depois do CDS-PP ter questionado o impacto do imposto sobre as bebidas com açúcar na sequência da suspensão do investimento da Refrige.
Durante o debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2017, o deputado do CDS-PP Pedro Mota Soares questionou o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, sobre o impacto do imposto sobre as bebidas com açúcar, apontando que a Refrige (Coca-Cola) "já anunciou que vai suspender um investimento de 40 milhões de euros que ia criar mais 100 postos de trabalho".
Em resposta, o governante começou por dizer: "Fez aqui algum trabalho para empresas que têm estado a fazer algum lóbi contra as medidas".
E acrescentou: "Não sei se todo o grupo parlamentar do CDS se vê nessa posição, penso que o Governo não deve estar atento a chantagens desse género, penso que os investimentos na economia portuguesa devem ser feitos por empresas que querem apostar na economia portuguesa" pelas "condições de competitividade" que oferece.
"Penso que essa empresa vai continuar a trabalhar e a ter investimentos em Portugal", acrescentou o governante, sem nunca citar o nome da Refrige.
Considerando que a empresa está "neste momento" a "tentar fazer um trabalho de lóbi, eventualmente legítimo", o ministro afirmou que tal talvez "não seja o trabalho com o qual o CDS se deva associar, pelo menos dessa maneira, com tanta clareza".
Esta resposta levou a que Pedro Mota Soares exigisse um pedido de desculpas da parte do governante ao grupo parlamentar do CDS-PP, considerando que Manuel Caldeira Cabral tinha acusado "esta bancada de defender lóbis".
"O que lhe resta é pedir desculpas", afirmou o deputado do CDS-PP.
Manuel Caldeira Cabral respondeu: "O senhor deputado tem de ter consciência que as empresas fazem lóbi e que há pessoas que podem estar a ajudar ou não. Não acusei nem a si, nem o grupo parlamentar". E rematou: "O senhor é que está a enfiar o barrete".
Relativamente à acusação da subida de impostos no OE2017, o ministro da Economia reiterou que "há alterações fiscais", em que "algumas taxas sobem e outras descem", garantindo que "não há agravamento da carga fiscal".
Considerou ainda "bem-vindo que o primeiro-ministro dedique o seu tempo à economia", em resposta ao comentário do CDS-PP de que António Costa tinha de "tirar um dia por semana para fazer de ministro da Economia".
Anteriormente, em resposta aos deputados do PSD, o ministro tinha desabafado que não sabia como começar "com tanto negativismo e pessimismo" do partido, que apontou que o Orçamento do Estado para o próximo ano "assusta os investidores".
Posteriormente, Caldeira Cabral convidou o grupo parlamentar do PSD "a juntar-se ao PSD" que está fora do parlamento para "reconhecer" os dados económicos hoje divulgados.
O ministro esteve a ser ouvido nesta terça-feira no Parlamento, durante o debate do Orçamento do Estado para o próximo ano.