Sonangol e Fosun alinhadas no capital do BCP

Petrolífera submeteu pedido ao BCE para assumir mais de 20% do banco. Assembleia-geral será retomada a 21 de Novembro

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Nuno Amado, presidente do BCP, diz que falta apenas fixar a nova fasquia de 30% de blindagem de capital Miguel Manso

A petrolífera angolana Sonangol, com 17,5% do BCP, já comunicou que pretende assumir mais de 20% da instituição financeira, pedido que já submeteu ao Banco Central Europeu (BCE), estando a aguardar pela resposta. O investimento visa manter o equilíbrio accionista, dado que a Fosun já informou que pretende deter até 30% do banco liderado por Nuno Amado.

O banqueiro justificou o adiamento da Assembleia-Geral iniciada esta quarta-feira, para continuar a discutir temas relacionados com o pedido de entrada da Fosun no BCP, o que exige a subida da fasquia da blindagem do capital de 20% para 30%. Uma proposta que será levada à votação dos accionistas a 21 de Novembro quando retomarem a reunião magna.

Confrontado com a notícia avançada pelo jornal digital ECO, de que a Sonangol, liderada por Isabel dos Santos (a segunda maior accionista do BPI), quer aumentar a presença no BCP para mais de 20%, Nuno Amado clarificou que não pode comentar “informações que não são públicas”. E remeteu os esclarecimentos para a Sonangol, não sem antes lembrar que as conversas que estão em curso “quer da natureza do negócio, quer da natureza da supervisão”, já estarão concluídas a 21 de Novembro. Nessa altura, haverá “um alinhamento de princípios, de interesses e de posições entre as várias entidades envolvidas para que se possa tomar a decisão que falta”.  Um entendimento que abrirá a porta  à entrada da Fosun (dona da Fidelidade e da Luz Saúde) e ao reforço da Sonangol no BCP.

Para já, Amado lembrou que mais de 90% do capital presente [35%] no encontro accionista desta quarta-feira se “pronunciou favoravelmente a manter a blindagem dos estatutos” e que falta apenas fixar a nova fasquia de 30% [as acções que podem ser mobilizadas para o investidor votar]. 

Na agenda dos accionistas (onde se destacam a Sonangol, o banco espanhol Sabadell, a EDP  e a luso-angolana InterOceânico) estiveram outros dois pontos: a manutenção das restrições estatutárias; o alargamento do conselho de administração de 19 para até 25 membros. Este órgão de governação passa a ter três vice-presidentes (mais um que os previstos agora). Já a comissão executiva, que emana da administração, terá no máximo nove membros e um mínimo de seis. Estas propostas já foram votadas favoravelmente e permitem acomodar as exigências da Fosun que quer nomear até cinco gestores. 

A 30 de Julho, o grupo chinês informou o mercado do seu interesse em controlar mais de 16% do capital do BCP, por aumento de capital. E deu conta que a meta é subir para 20% e depois para 30% (daí a revisão dos estatutos). A Fosun já assegurou dois pedidos: a não obrigação “de realização de contribuições especiais e de reconhecimento contabilístico imediato de potenciais contribuições futuras para o Fundo de Resolução” e “o reverse stock split, aprovado na AG de Abril do BCP”, medida que serviu para reduzir o número de títulos e valorizar o preço unitário das acções.

Sobre o Novo Banco, Nuno Amado adiantou que a “posição” dirigida ao Fundo de Resolução, a 4 de Novembro, data para os interessados apresentarem as suas ofertas firmes, é igual à que foi enviada em Junho. E que já deu conta à CMVM do teor da “carta de interesse”, termo que foi usado para evitar  falar em proposta [o BdP veio garantir que recebeu cinco propostas finais de aquisição da instituição]. O banqueiro assegurou que o BCP, que continua sem pagar o empréstimo estatal, pretende continuar a ter a acompanhar o dossiê Novo Banco.

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