Governo venezuelano aberto ao diálogo, mas a oposição está dividida
O encontro aconteceu este domingo à porta fechada, mas nem toda a oposição concordou com o encontro e acusa o Governo de não estar a trabalhar para corrigir a crise política e económica do país.
O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e representantes da oposição iniciaram na noite deste domingo uma reunião, no museu Alejandro Otero, em Caracas. O encontro foi acompanhado por enviados do Vaticano, que na passada semana incentivaram um encontro entre as duas partes para tentarem encontrar uma saída para a grave crise política e institucional que o país atravessa.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e representantes da oposição iniciaram na noite deste domingo uma reunião, no museu Alejandro Otero, em Caracas. O encontro foi acompanhado por enviados do Vaticano, que na passada semana incentivaram um encontro entre as duas partes para tentarem encontrar uma saída para a grave crise política e institucional que o país atravessa.
O Presidente venezuelano mostrou-se aberto ao diálogo e disponível para negociar, estendendo a mão à Mesa de Unidade Democrática (MUD), num “compromisso total e absoluto com este processo”, e disse que estava “disposto a escutar” a oposição, escreve o El País. “Não existe alternativa ao diálogo e ao encontro na procura pelos interesses comuns da nação”, disse Nicolás Maduro à chegada do encontro, cita a BBC.
O Presidente venezuelano e três dos seus delegados sentaram-se à mesa com cinco membros da oposição, entre os quais Jesus Torrealba, o secretário-geral da Mesa de Unidade Democrática (MUD). Na mediação do encontro estiveram ainda antigos líderes de Espanha, Panamá e República Dominicana. José Luis Rodríguez Zapatero, Martín Torrijos e Leonel Fernández marcaram presença na procura de consenso. No entanto, e apesar deste primeiro encontro, do lado da oposição ainda não existe consenso para o diálogo. À reunião faltaram alguns membros da oposição.
Leopoldo López, líder do partido Vontade Popular e antigo autarca de um dos distritos da capital, preso desde 2014, ordenou ao seu partido para que não comparecesse à reunião. “Consideramos que as condições para iniciar um verdadeiro diálogo não melhoraram”, afirma em comunicado López, acrescentando que não reconhece ao Governo da Venezuela qualquer esforço para corrigir a crise que o país enfrenta.
O encontro entre o Maduro e a oposição acontece depois de consecutivas acusações mútuas e de uma greve geral na sexta-feira, dois dias depois de uma manifestação que terminou com mortos e feridos. A oposição quer realizar um referendo para decidir a continuidade da liderança de Maduro. Já o Governo pede à oposição que pare de rejeitar as políticas económicas aplicadas pelo executivo venezuelano.
Em pano de fundo está a crescente insegurança no país, que vive uma crise económica e política desde 2014. O crime violento é um problema tradicionalmente grave na Venezuela, mas os últimos tempos têm visto um crescimento preocupante. Caracas, onde em média 11 pessoas foram assassinadas por dia em 2015, é hoje a cidade mais violenta do mundo. O país enfrenta falta de comida nos supermercados e escasseiam medicamentos. A taxa de inflação é a mais elevada do planeta e espera-se que aumente no próximo ano.