Papa recebeu Nicolás Maduro no Vaticano devido à “preocupante situação” no país

Francisco promove encontro entre as duas partes para tentarem encontrar uma saída para a grave crise política e institucional que o país atravessa.

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Nicolás Maduro à saída do encontro com o Papa Francisco AFP/MARCELO GARCIA

O Papa Francisco recebeu nesta segunda-feira o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, numa audiência privada que foi mantida em segredo até estar terminada.

Após este encontro, o emissário do Papa anunciou que o Governo de Caracas e a oposição já mantiveram os primeiros contactos com vista à organização, a 30 de Outubro, de um encontro entre as duas partes para tentarem encontrar uma saída para a grave crise política e institucional que o país atravessa.

“Hoje, o diálogo nacional começou com um encontro entre representantes do Governo e da oposição, para estabelecer as condições para uma reunião na ilha Margarita, a 30 de Outubro”, disse o emissário de Francisco, Emil Paul Tscherrig, que é núncio apostólico na Argentina.

O encontro de Maduro e do Papa foi desvendado através do Twitter de Ernesto Villegas, ministro venezuelano da Comunicação. O Vaticano emitiu depois um comunicado a dizer que o encontro se deveu “à preocupante situação política, social e económica que a Venezuela atravessa e que se repercute na vida diária da população”.

O clima de hostilidade institucional no país agudiza-se e, horas antes de serem conhecidas estas movimentações, a oposição deu sinais de querer radicalizar a sua luta contra o Governo. A Assembleia Nacional da Venezuela acusou oficialmente o Presidente de estar a promover um “golpe de Estado” no país. A radicalização por parte da oposição anti-chavista que tem a maioria na assembleia surgiu como resposta à suspensão do processo de marcação do referendo revogatório (que visa encurtar o mandato de Maduro) e pode abrir caminho a uma destituição.

A degradação do panorama político venezuelano ficou patente na sessão parlamentar de emergência convocada para a noite de domingo. Um grupo de apoiantes do Governo, que empunhavam bandeiras do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), invadiu a assembleia, acabando por obrigar à interrupção da sessão durante 45 minutos. Os partidários do oficialismo envolveram-se numa autêntica batalha campal e o caos instalou-se num dos salões da câmara legislativa. Duas pessoas ficaram feridas durante os confrontos, de acordo com o jornal El Nacional.

Durante a sessão, os deputados que integram a Mesa da Unidade Democrática (MUD), a coligação que agrupa os partidos da oposição a Maduro, aprovaram uma resolução em que acusavam o “regime” de Maduro de ser responsável pela “ruptura da ordem constitucional” no país. A oposição apelou ainda à “defesa activa” da Constituição por parte do “povo da Venezuela”, até que seja alcançada a “restituição da ordem constitucional”

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