Venezuela anuncia que vai julgar opositor preso por 43 homicídios
Leopoldo López foi preso após as manifestações de 2014 e condenado a 13 anos de prisão. Braço-direito do Presidente Nicolas Maduro diz que famílias das pessoas mortas durante confrontos vão apresentar queixa.
Na prisão há já dois anos e meio, o opositor venezuelano Leopoldo López, líder do partido Vontade Popular, pode agora vir a responder pela morte de 43 pessoas nos confrontos ocorridos à margem das manifestações que em 2014 abalaram o país e o Governo de Nicolás Maduro.
“Os familiares das vítimas apresentaram ou estão a apresentar um pedido junto dos tribunais para que se acuse de homicídio pelas 43 mortes que causou esse assassino com o dia La Salida”, anunciou Diosdado Cabello, homem forte do regime e vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela, durante o programa que apresenta num canal estatal.
Cabello referia-se à manifestação de 12 de Fevereiro de 2014, organizada pela linha dura da oposição, encabeçada por López, para protestar contra a crise económica e a insegurança no país, dois dos principais agravos contra o Presidente Maduro, eleito no ano anterior após a morte de Hugo Chávez e cuja demissão vinha exigindo há meses.
O Governo respondeu com a mobilização dos seus apoiantes e, já a terminar um dia de tensão em Caracas, duas pessoas foram mortas a tiro – um deles um opositor o outro identificado como um apoiante de Maduro – e na violência que se seguiu morreria ainda uma terceira pessoa. Os protestos e a violência prolongaram-se até Junho, provocando (segundo números oficiais) 43 mortos dos dois lados da contenda.
Protestos que Leopoldo López, antigo autarca de um dos distritos da capital e um dos dirigentes da oposição unida contra Maduro, já só assistiu da cadeia. Foi preso a 14 de Fevereiro, depois de o Presidente venezuelano ter surgido na televisão a acusá-lo de tentativa de “golpe de Estado”, chamando-lhe a cara do fascismo. Foi condenado em Setembro do ano passado a 13 anos de prisão por participação e instigação à violência, associação criminosa e destruição de propriedade.
A notícia de novas acusações surge numa altura em que a oposição – reunida na coligação Mesa de Unidade Democrática (MUD), em maioria no Parlamento desde as legislativas do ano passado – deposita as suas esperanças na realização do referendo para a destituição de Maduro da presidência. Depois de no início do ano ter conseguido reunir 1,8 milhões de assinaturas para desencadear o processo, a oposição prepara agora a etapa final: reunir o apoio de 20% dos eleitores para que a data do referendo seja marcada, o que terá de ser feito no prazo de três dias (26 a 28 de Outubro) e garantindo que essa fasquia é conseguida em todos os estados do país.