O cinema italiano vive nas fotografias deste arquitecto

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As muitas horas que passou a olhar para a RTP2 e enfiado no Cineclube de Guimarães têm muito a ver com aquilo que hoje em dia projecta na sua conta de Instagram. "E La Nave Va" (Federico Fellini) na praia da Azurara, "Viaggio in Italia" (Roberto Rossellini) no Largo do Toural, "Una Giornata Particolare" (Ettore Scola) na Apúlia. E muitos Luchino Visconti e outros tantos Marco Ferreri. "De uma forma inconsciente" há muito cinema italiano nas fotografias de Alexandre Coelho Lima, arquitecto (Pitágoras Arquitectos) de 51 anos que agora vê pouco cinema e tem "quase uma obsessão" pelo Instagram ("foi o Insta que me fez descobrir a fotografia"), onde revela "um detalhe, uma fachada e, sempre que possível, uma pessoa". "Não gosto muito de ruído", explica ao P2 @alexcoelholima, versátil utilizador (sem formação em fotografia) de uma Sony A7. "Fui apurando a composição, a lua e a sombra. Não perco muito tempo a editar e não consigo escolher entre a cor e o preto e branco. E vai ser sempre assim. É como a vida: às vezes é a cores, às vezes a preto e branco." E fotografa sozinho. "Quando saio de casa ao sábado de manhã ainda não sei onde vou. Dou-me bem sozinho. Gosto de estar ali. Se tiver que correr, corro. Se tiver que esperar, espero. Liberdade total." É como um dos muitos pescadores da sua "Costa Norte" (exposição colectiva no Laboratório das Artes, em Guimarães, até dia 18 de Novembro). "Quando vejo que não está a dar, mudo de sítio." Quando começou, em 2012, Alexandre "tirava 30 fotos e acha que todas eram boas". Hoje em dia tira "100" e acha que "três são boas". "Eu sei que a minha conta parece muito organizada, mas é instintiva. A minha fotografia não é pensada. Parece que está dentro de mim".