Paul Beatty é o primeiro americano a vencer prémio Man Booker

The Sellout parte de um ghetto urbano em Los Angeles para lançar um olhar satírico sobre as questões raciais nos Estados Unidos.

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AFP/DANIEL LEAL-OLIVAS

        Paul Beatty venceu o prémio Man Booker com o livro The Sellout. O escritor de 54 anos torna-se assim o primeiro americano a vencer o prémio, no valor de 50 mil libras (cerca de 56 mil euros), desde que este se abriu, há três anos, a todos os autores de língua inglesa.

The Sellout parte de um ghetto urbano em Los Angeles para lançar um olhar satírico sobre as questões raciais nos Estados Unidos. A narrativa centra-se num jovem isolado e na sua batalha judicial que o leva ao Supremo Tribunal americano, desafiando os princípios da Constituição dos EUA, da sociedade norte-americana e do movimento dos direitos civis. Isto porque o seu objectivo é nada menos do que restabelecer a escravidão e a segregação na escola secundária local.

Beatty disse ao The Guardian que esta história poderia ser difícil de digerir por parte dos leitores. Mas Amanda Foreman, que liderou o júri, afirmou que “a ficção não deve ser confortável”. “A verdade raramente é bonita e este é um livro que prega o leitor à cruz”, diz, “mas que lhe faz cócegas enquanto o prega”.

Foreman acha que este é um livro para os nossos tempos: “The Sellout é um daqueles livros muito raros, que é capaz de pegar na sátira, um assunto muito complicado e nem sempre bem feito, e mergulhá-la no coração da sociedade americana contemporânea com uma brutalidade que eu não via desde [Jonathan] Swift ou [Mark] Twain]”.

Autor de vários romances e livros de poesia, Beatty viu Sellout ser recusado por 18 editoras antes de a pequena Oneworld lhe pegar, conseguindo a façanha de publicar a obra vencedora do Booker em dois anos consecutivos, depois de A Brief History of Seven Killings, de Marlon James, ter ganho em 2015.     

 

 

 

 

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