Banco de Portugal revê previsão de crescimento para 1,1% este ano
Nova estimativa assume que economia vai acelerar na segunda metade do ano, especialmente ao nível das exportações.
O Banco de Portugal voltou esta sexta-feira a rever em baixa a sua estimativa de crescimento para este ano, num cenário em que o consumo privado e o investimento continuam a surpreender pela negativa, enquanto as exportações e o emprego são as principais fontes de boas notícias, mostrando uma resistência superior ao esperado.
De acordo com o banco central, a economia portuguesa irá registar no total de 2016 uma taxa de crescimento de 1,1%, um valor que representa uma descida de 0,2 pontos percentuais face à previsão de 1,3% que tinha sido apresentada no anterior boletim publicado pelo banco, no passado mês de Junho.
A nova previsão do Banco de Portugal distancia-se deste modo ainda mais daquela que é ainda a previsão oficial do Governo para este ano, de 1,8%. No entanto, o Governo prepara-se para, na próxima semana quando apresentar a sua proposta de Orçamento do Estado para 2017, para rever a sua estimativa de crescimento em 2016 para 1,2%.
Apesar de rever o crescimento em baixa, as previsões têm ainda assim implícita a concretização de uma aceleração da economia durante a segunda metade deste ano. No primeiro semestre, o crescimento homólogo da economia foi de 0,9%.
A revisão agora feita pelo Banco de Portugal para o total do ano face ao que tinha previsto em Junho deve-se especialmente aos resultados mais negativos que se foram entretanto registado no consumo privado e no investimento.
A previsão do banco para a variação do consumo privado passou de 2,1% em Junho para 1,8% agora, um resultado importante tendo em conta o peso que esta componente tem no PIB português.
A surpresa negativa ainda foi mais acentuada no investimento, que o banco central previa em Junho poder registar um ligeiro crescimento de 0,1%, mas que agora vê a cair 1,8%. A queda, que se tinha concentrado nas máquinas e no material de transporte na segunda metade de 2015, passou especialmente para a construção na primeira metade de 2016.
O facto de ser na procura interna que se registam os motivos para um desempenho mais fraco da economia é particularmente relevante se se levar em conta que um dos objectivos da política económica seguida pelo Governo era garantir um maior dinamismo da procura interna, através da aplicação progressiva de medidas de recuperação do rendimento disponível dos portugueses.
Portugal ganha quota
Se a procura interna fraqueja, as exportações mostram estar mais fortes do que aquilo que Banco de Portugal esperava em Junho. A previsão para este indicador passou de 1,6% para 3%, com o Banco de Portugal a destacar “o dinamismo das exportações de bens não energéticos, que deverão apresentar em 2016 um crescimento superior ao observado no ano anterior, bem como o forte crescimento das exportações de turismo”.
O banco central destaca que Portugal está a ser influenciado durante este ano por uma conjuntura internacional que, apesar dos enormes estímulos que estão a ser lançados pelas autoridades monetárias, é marcada por um crescimento económico moderado e pelo abrandamento da dinâmica de fluxos comerciais.
Ainda assim, o Banco de Portugal está à espera de uma aceleração das exportações portuguesas no segundo semestre. Uma das principais explicações está em Angola. Esse mercado tem tido desde o início de 2015 um contributo muito negativo que se manteve no primeiro semestre, mas agora o Banco de Portugal estima que o impacto negativo se irá esbater na segunda metade do ano.
Para além disso, aquilo que tem vindo a acontecer, conclui o banco, é que Portugal continua a registar ganhos de quota no mercado internacional, algo que permite ao país ter resultados mais positivos nas exportações do que aqueles que seria previsíveis quando se olha para a evolução da procura externa.
A outra surpresa positiva assinalada pelo Banco de Portugal vem do mercado de trabalho. Pela primeira vez, a autoridade monetária apresenta previsões para a taxa de desemprego, que estima que poderá cair de 12,4% em 2015 para 11,2% em 2016. O Banco de Portugal caracteriza este cenário como uma “redução marcada do desemprego”.