Ministério Público investiga juiz Rui Rangel

Investigação foi aberta no âmbito do processo Rota do Atlântico.

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Relação financeira de Rui Rangel e José Veiga sob investigação enric vives-rubio

A Procuradoria-Geral da República (PGR) revelou nesta segunda-feira foi aberto uma investigação ao juiz desembargador Rui Rangel, com origem numa certidão do processo Rota do Atlântico, estando a decorrer pelo Ministério Público junto do Supremo Tribunal de Justiça.

"Confirma-se a existência de um inquérito que teve origem numa certidão do processo Rota do Atlântico", respondeu à Lusa a PGR, na sequência de uma questão levantada após uma notícia de sábado passado do jornal Correio da Manhã, segundo a qual o juiz Rui Rangel era suspeito de receber fortuna do empresário futebolístico José Veiga, arguido naquele processo relacionado com crimes de corrupção no comércio internacional, fraude fiscal e branqueamento de capitais e tráfico de influência.

A PGR adianta que "encontra-se em investigação e está em segredo de justiça".

A investigação ao juiz desembargador Rui Rangel teve direito a um dossier de oito páginas na edição de sábado do Correio da Manhã, segundo o qual o juiz terá recebido vários depósitos num dia. De acordo com o jornal, esta investigação surge na sequência da detenção, em Fevereiro, do empresário José Veiga, por corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais.

A operação Rota do Atlântico tinha como principais alvos o empresário José Veiga e o sócio Paulo Santana Lopes, que funcionariam como intermediários num esquema de corrupção com membros do governo da República do Congo.

Segundo a PGR, este inquérito tem nove arguidos constituídos, quatro pessoas singulares e cinco pessoas colectivas.

De acordo com o Ministério Público, os detidos, alegadamente, celebravam contratos de fornecimento de bens e serviços relacionados com obras públicas, construção civil e venda de produtos petrolíferos, entre diversas entidades privadas e estatais.

Os proventos gerados com esta actividade seriam utilizados na aquisição de imóveis, veículos de gama alta, sociedades não residentes e outros negócios, utilizando para o efeito pessoas com conhecimentos especiais e colocadas em lugares privilegiados, ocultando a origem do dinheiro e integrando-o na actividade económica lícita, precisou então a PGR.

A investigação Rota do Atlântico é dirigida pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) e envolveu cerca de três dezenas de buscas a domicílios e sedes de empresas, a uma instituição bancária e a três escritórios de advogados.