Mariano Rajoy: querer ser presidente porque sim

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Mariano Rajoy PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP

Não é novidade: a saída de cena de Mariano Rajoy como candidato do Partido Popular à chefia do Governo contribuiria para encontrar uma solução de compromisso. O líder do Cidadãos, Albert Rivera, não se cansa de o dizer, mas este já era o cenário há um ano, antes das legislativas de Dezembro de 2015, as primeiras de um ciclo raro que caminha agora para as terceiras.

A situação “não está bloqueada por incompatibilidade ideológica mas porque Rajoy quer ‘erre que erre’ [insistentemente] ser presidente e [o líder socialista Pedro] Sánchez quer ser presidente a qualquer preço”, repetiu na sexta-feira Rivera.

Internamente, Rajoy não está na melhor das posições. Os últimos episódios do caso Rita Barberá, a política valenciana investigada por corrupção e prestes a ser acusada de branqueamento de dinheiro que aceitou deixar o PP mas não abdica do lugar no Senado, valeram-lhe muitas críticas. Rajoy, acusaram os rivais no PP, perdeu mais uma bela oportunidade ao não exigir à ex-autarca que abdicasse de todos os lugares e privilégios.

As críticas a Rajoy por causa da gestão (ou não gestão) deste incidente aconteceram dias depois da polémica sobre a nomeação de José Manuel Soria para se candidatar ao posto de director-executivo do Banco Mundial. O ex-ministro da Indústria (que deixou o Governo em Fevereiro, depois de notícias sobre a existência de uma empresa em seu nome num paraíso fiscal) renunciou a um cargo a que “tinha direito”, disse Rajoy, que o defendeu sem hesitações em público (como fizera em Fevereiro).

Enfim, o de Barberá é “só” mais um caso de corrupção mal gerido, entre dezenas e incluindo alguns, como o que já confirmou a existência de uma contabilidade paralela no partido, que envolvem Rajoy. O primeiro-ministro em funções não pode alegar ignorância sobre práticas consideradas normais na direcção do PP e que existiam há décadas quando foram tornadas públicas pela justiça.

Rajoy quer porque quer ser presidente do Governo mais uma vez. E nem tem vergonha de dizer que não vê com desagrado uma terceira ida às urnas: se de Dezembro para Junho conseguiu melhorar o resultado e eleger mais 14 deputados (chegou aos 137 no Parlamento de 350), acredita que ganhará mais uns quantos até Dezembro. Com ou sem mais casos de corrupção e, com grande probabilidade, de novo às custas do Cidadãos, o partido nascido na Catalunha e que se fez força nacional precisamente para combater a corrupção da velha política.

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