“Serralves é já hoje um museu internacional”

A estratégia de internacionalização é "para continuar", diz a directora do Museu de Serralves, Suzanne Cotter.

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A exposição sobre o processo SAAL no Centro Canadiano para a Arquitectura, em Montréal CCA

A presença da obra de Helena Almeida num prestigiado centro de arte contemporânea na capital da Bélgica insere-se numa estratégia de internacionalização da Fundação de Serralves que Suzanne Cotter, a directora, assume plenamente. “Não tivemos qualquer dificuldade em assegurar a circulação desta exposição e isso prova que Serralves é hoje já um museu de gabarito internacional", disse ao PÚBLICO durante a inauguração. "Estes são projectos para continuar."

Cotter referia-se não apenas a Corpus, de Helena Almeida, que abre este sábado ao público belga no WIELS, mas a outras duas exposições que também foram exportadas para instituições congéneres no estrangeiro. Nada menos do que o Guggenheim de Nova Iorque recebeu em 2015 Infinite Possibility. Mirror Works and Drawings, da iraniana Monir Farmanfarmaian, apresentada primeiro no Porto com curadoria de Suzanne Cotter; em Maio do mesmo ano, O Processo SAAL: a habitação em Portugal de 1974 a 1976 abriu no Centro Canadiano para a Arquitectura em Montréal, no Canadá. “Foram projectos que correram muito bem, sobretudo a exposição sobre o Saal, de que os canadianos não conheciam nada. Ficaram maravilhados”, diz Cotter.

Todas as exposições de Serralves são pensadas logo à partida para serem partilhadas ou em Portugal, ou no estrangeiro, explica. “Quero que as pessoas saibam sempre que Serralves não é apenas um lugar que recebe arte, mas um lugar que produz conhecimento sobre arte. Quero que nos conheçam também pelas publicações que fazemos e por todo o envolvimento teórico que criamos à volta de cada exposição”, acrescenta Cotter, dizendo que têm uma grande vantagem: “Temos uma história conhecida e as pessoas querem trabalhar connosco. Isto é raro.” E é claro que, financeiramente falando, as parcerias que Serralves estabelece, seja com o Guggenheim, o WIELS ou outras instituições, são fundamentais, porque lhe permitem ter mais ambição: "As colaborações internacionais são incrivelmente importantes.”

Neste contexto, a directora do Museu de Serralves diz que a exposição a inaugurar a 1 de Outubro com a colecção de Mirós do ex-BPN, Joan Miró: Materialidade e Metamorfose, é um assunto completamente diferente. “A colecção pertence ao estado, ao povo português. O que vai acontecer a essa colecção está ainda em aberto, embora haja muita discussão sobre o assunto. Para nós, acho que vai ser óptimo. Miró é um modernista, embora morra nos anos 80, no período que nos habituámos a considerar como contemporâneo. Eu, que sou uma modernista por educação, vou achar muito divertido trabalhar nesta exposição. Estou certa de que Miró vai trazer públicos a Serralves que não se interessam pelo contemporâneo, e talvez por aí se abram para o que nós fazemos habitualmente.” Álvaro Siza, adianta, já apresentou o projecto para a exposição, que é “lindo": "Ele considera a casa como um recipiente muito belo para uma colecção que apenas vai lá estar temporariamente.”

Suzanne Cotter tem a certeza de que a curadoria da exposição, que ficou a cargo de Lubar Messeri, fará justiça à colecção. Que já viu: ficou encantada e garante que é “inacreditável”.

O PÚBLICO viajou a convite do Museu de Serralves

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