O ponto da situação dos três candidatos ao título

Benfica, Sporting e FC Porto ainda estão expostos ao mercado, mas debatem-se com desafios diferentes.

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Rui Vitória, treinador do Benfica FRANCISCO LEONG/AFP
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Jorge Jesus, treinador do Sporting PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP
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Nuno Espírito Santo, treinador do FC Porto nFactos/Fernando Veludo

Benfica: estabilidade e soluções extras para Rui Vitória

Luís Filipe Vieira já é reconhecido como um dos mais bem-sucedidos presidentes de sempre do Benfica, mas a possibilidade de abrilhantar a sua era, que está prestes a completar 13 anos, com o quarto campeonato consecutivo (e o sexto em termos globais) seria a cereja em cima do bolo. A recente conquista da Supertaça reforçou a confiança dos adeptos em alcançar este marco inédito na história do clube.

Depois de encaixar cerca de 60 milhões de euros com as transferências de Nico Gaitán (Atlético de Madrid) e Renato Sanches (Bayern Munique), a estrutura “encarnada” tem tentado minimizar os prejuízos desportivos destas importantes saídas. Por aquilo que se viu, até ao momento, Franco Cervi parece ser uma opção muito válida para render o compatriota argentino no corredor esquerdo, mas mais complicado será encontrar um substituto para o jovem internacional português no centro do terreno. Até agora, a escolha tem recaído em André Horta e o jovem médio não tem defraudado as expectativas. E falta ainda ver se o ex-bracarense Danilo poderá também ocupar o lugar.

De resto, o Benfica mantém a espinha dorsal da temporada transacta (embora ainda possa haver mexidas até ao encerramento do mercado de transferências), acrescentando alternativas de qualidade ao plantel como o ex-sportinguista André Carrillo para um dos corredores, onde também o argentino Salvio tem sido opção. Mas uma das melhores prendas que o treinador Rui Vitória poderia ter tido neste defeso foi a manutenção da tripla atacante, composta por Jonas, Mitroglou e Jiménez, que valeu 57 dos 88 golos na última Liga.

Este será também o segundo ano do técnico português ao serviço do Benfica — e estará bem menos pressionado neste arranque de época do que em igual período da época passada, quando substituiu Jorge Jesus com tudo para provar. A conquista do título após uma luta sem tréguas com o Sporting até à última ronda do campeonato e a forma como uniu o grupo para esta épica batalha, aproveitando a herança do seu antecessor, mas impondo um cunho pessoal, acabaram por calar as críticas internas e externas. Para já, começou com a chave de ouro, ao conquistar o seu terceiro troféu ao serviço dos “encarnados”.

Sporting: incógnitas no plantel baixam expectativas 

Rechear os cofres de Alvalade com dezenas de milhões de euros ou manter algumas das pérolas da equipa que lutou pelo campeonato até à derradeira jornada da época passada? Este é o dilema do Sporting neste início de época. Com o assédio internacional a jogadores como Slimani, Rui Patrício, William, Adrien Silva ou João Mário, mais do que o desejo dos responsáveis do clube poderá valer a vontade inapelável das suas estrelas. Esta instabilidade manter-se-á até ao final de Agosto, quando encerra o mercado, e reforça as incógnitas sobre o real valor dos “leões” para atacarem um título que lhes foge há 14 anos.

Slimani e João Mário (dado pela imprensa italiana como futuro jogador do Inter de Milão) são, de momento, as principais dores de cabeça para Jorge Jesus e para o presidente, Bruno de Carvalho. Os talentosos futebolistas não escondem o desejo de sair e têm procurado forçar este desfecho nos últimos dias face às irresistíveis ofertas contratuais com que têm sido tentados pelo mercado internacional. A confirmarem-se estas saídas, será extremamente complicado colmatar as suas vagas — principalmente no eixo do ataque, onde o argelino não tem sequer concorrência interna em Alvalade.

A par desta intranquilidade face ao plantel, também a pré-temporada não correu bem ao Sporting, contribuindo para refrear as ambições dos adeptos, após a euforia da última temporada. Jesus tem procurado desvalorizar os resultados, mas não esconde a ansiedade em relação aos reforços que tardam em chegar.

Até agora, entre as novidades no plantel, o avançado argentino Alan Ruiz, que veio render Teo Gutiérrez para a posição de segundo avançado, é o único a dar bons sinais, restando esperar para ver o que podem acrescentar elementos como Petrovic ou Spalvis (lesionado). Já o guarda-redes Beto não precisa de credenciais e promete ser uma alternativa válida a Rui Patrício ou mesmo o novo dono das redes, caso o titular da selecção rume para outras paragens.

O plantel será curto para os “leões” atacarem todas as frentes, como a exigente Liga dos Campeões. E, sem matéria-prima, nem o “mago” Jorge Jesus poderá fazer milagres.

FC Porto: dar a volta à crise olhando para dentro do Dragão

O generoso investimento aplicado pela direcção do FC Porto no plantel ao longo dos dois últimos anos foi interrompido nesta época. A chegada de Nuno Espírito Santo ao Dragão implicou, a julgar pela política de ataque ao mercado, uma abordagem diferente, que passa por olhar mais para dentro do que para fora, e é com a qualidade de algumas das jovens promessas do clube que o novo treinador tentará pôr fim a três anos de seca de títulos.

É verdade que o FC Porto fez contratações e é provável que ainda venha a reforçar-se até ao final do mês, mas tem sido uma aposta bem mais modesta (e cirúrgica) do que em anos recentes. Felipe e Alex Telles vieram acrescentar soluções a um quarteto defensivo com francas dificuldades e tudo indica que a chegada de Depoitre servirá para acautelar a saída mais do que provável de Aboubakar. De resto, Nuno Espírito Santo tem aproveitado o talento que já existia.

O primeiro — e mais emblemático — exemplo é o avançado André Silva, que parece partir em franca vantagem sobre a concorrência na luta pelo “onze”. Uma das figuras da pré-época, o jovem de 20 anos tem tido a companhia de Otávio no que ao protagonismo diz respeito — emprestado na época passada, o brasileiro tem correspondido às exigências e é já uma das certezas para a nova temporada.

No meio-campo, o trio Danilo-Herrera-André André aparenta ser o que mais confiança merece ao treinador, mas há ainda um problema para resolver na defesa: assegurar mais um central, para fazer face às exigências de um calendário muito preenchido. Alex esteve perto e é mais do que provável que chegue em breve um novo concorrente para o sector.

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