Incertezas nos rivais e o Benfica mais apto para atacar o “tetra”

Com cinco tricampeonatos no currículo, os “encarnados” partem como favoritos para conquistar pela primeira vez quatro títulos nacionais seguidos. A Liga 2016-17 arranca nesta sexta-feira.

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O Benfica nunca ganhou quatro campeonatos seguidos Sérgio Azenha

Trinta e cinco títulos de campeão nacional e uma mão-cheia de tricampeonatos fazem do Benfica o clube português mais titulado, mas, ao contrário de FC Porto e Sporting, as “águias” continuam sem ter no currículo um tetracampeonato. A pré-temporada consistente, o troféu já conquistado (Supertaça) e os reforços de qualidade deixam os “encarnados” bem colocados para conseguirem em 2016-17 o quarto título consecutivo e as notícias que chegam da concorrência reforçam o favoritismo da equipa de Rui Vitória: após uma época em que lutou com o Benfica até ao fim, o Sporting de Jorge Jesus arranca para esta temporada envolto em turbulência; com reforços pouco sonantes e muita pressão, o FC Porto aparenta ainda não ter argumentos para eliminar as fragilidades exibidas nos últimos anos.

Em 1938-39 e 1977-78, o FC Porto impediu o Benfica de se sagrar tetracampeão. Nas décadas de 60 e 70, o domínio quase absoluto dos “encarnados” tropeçou sempre no Sporting e, apesar de as “águias” terem conquistado 14 títulos nacionais entre 1959-60 e 1976-77, a vitória do principal rival lisboeta nos campeonatos de 1965-66, 1969-70 e 1973-74 manteve o ambicionado “tetra” como uma miragem para os benfiquistas. Quase quatro décadas depois, na sexta tentativa para alcançar o quarto campeonato consecutivo, FC Porto e Sporting voltam a ser os únicos clubes com capacidade para travar a afirmação do Benfica.

Com um estado de espírito totalmente oposto ao do início da época passada, em que reinava a descrença entre os benfiquistas, os “encarnados” partem para o arranque de 2016-17 com o moral em alta. Exorcizado o “fantasma” Jorge Jesus, Rui Vitória tem vindo a conseguir moldar o Benfica à sua imagem e, apesar de ter perdido duas das suas principais armas na temporada passada (Renato Sanches e Gaitán), o técnico das “águias” tem motivos para estar satisfeito com o plantel que tem à sua disposição.

Com um ataque astuto ao mercado, os “encarnados” garantiram reforços de qualidade inquestionável para as alas (Cervi, Zivkovic e Carrillo) e a grande incógnita é saber como Vitória vai tapar o buraco deixado em aberto no meio-campo por Renato Sanches. Com o “8” nas costas, o jovem André Horta foi a grande revelação da pré-temporada e parte em vantagem, apesar de Danilo, outro dos reforços, ser igualmente uma opção de qualidade.

Se na Luz reina a estabilidade, em Alvalade a turbulência tem sido muita. Após uma primeira época de “leão” ao peito em que deu luta ao Benfica até ao último segundo do campeonato, Jorge Jesus tem tido algumas dores de cabeça no arranque da segunda temporada à frente do Sporting. Os jogos de preparação mostraram fragilidades defensivas inesperadas (16 golos sofridos contra Mónaco, Zenit, PSV e Betis), mas a fonte de maior preocupação para o técnico sportinguista é a instabilidade criada pelo sai-não-sai das principais figuras. A “novela” em torno das possíveis transferências de Slimani e João Mário continua a coleccionar capítulos pouco agradáveis para os “leões” e o aparente braço-de-ferro do Sporting com os jogadores mais cobiçados não augura nada de positivo para Jesus.

Com apenas um reforço a mostrar capacidade para se intrometer na luta pela titularidade (Alan Ruiz) e com uma exigente e desgastante Liga dos Campeões pela frente, o Sporting, mesmo que Slimani fique em Alvalade, terá obrigatoriamente que ir ao mercado até 31 de Agosto para debelar a ausência de opções ofensivas: com Spalvis fora de combate até ao final do ano, o argelino é o único ponta-de-lança que Jesus tem disponível.

A atravessar um ciclo horribilis, o FC Porto é, dos três candidatos ao título, o que parte sob maior pressão. Após três anos sem ganhar o campeonato, os principais figuras dos “azuis e brancos” não escondem que os “dragões” não podem “estar outro ano sem ganhar”, mas as contratações já garantidas pelos portistas parecem ser ainda insuficientes para debelar as fragilidades exibidas nas últimas épocas.

Com nova aposta de risco para o comando técnico da equipa (Nuno Espírito Santo), os principais reforços até ao momento são soluções internas (André Silva e Otávio) e, apesar da chegada de Felipe, o centro da defesa continua a ser o calcanhar de Aquiles deste FC Porto, que terá um Agosto escaldante: estreia-se hoje no campeonato em Vila do Conde e até ao final do mês terá ainda um importantíssimo duplo confronto com a Roma, no play-off de acesso à Liga dos Campeões, e uma deslocação a Alvalade.

Numa época em que o interior do país ganhou força com a subida do Desportivo de Chaves, a luta pelos lugares europeus voltará a ter o Sp. Braga como grande candidato ao quarto lugar, mas os minhotos terão que ter muita atenção a equipas como o reforçado Nacional, o Arouca, o Paços de Ferreira, o Rio Ave e o V. Guimarães.

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