PP decide para a semana se aceita condições do Cidadãos

Rajoy defende que é “urgente” formar governo mas diz que “já veremos” se se apresenta ao debate e voto de investidura no Parlamento.

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Rajoy e Rivera, esta quarta-feira, antes do encontro que tiveram no Parlamento, em Madrid Gerard Julien/AFP

Espanha está com Governo em gestão corrente desde as legislativas de 20 de Dezembro. Quase dois meses depois das segundas eleições, na próxima quarta-feira, a direcção do Partido Popular, do ainda primeiro-ministro, Mariano Rajoy, vai reunir-se para decidir se aceita as seis condições impostas pelo partido liberal Cidadãos para aceitar negociar um programa com os conservadores.

Mesmo que tudo se encaminhe para um entendimento à direita, a soma dos dois partidos não garante que Rajoy possa ir ao Parlamento apresentar os seus planos de governação com a certeza de ver aprovada a sua investidura. Sem a ajuda do PSOE, isso não é possível, Ora, os socialistas de Pedro Sánchez insistem que os seus 85 deputados não vão abster-se para deixar passar um Governo liderado pelo PP e votarão contra.

“É urgente formar um Governo em Espanha e seria uma loucura organizar umas terceiras legislativas”, disse Rajoy esta quarta-feira, assegurando que o seu partido (que em 2011 venceu com maioria absoluta na Assembleia de 350 lugares) “fará tudo o que puder para que as negociações com o Cidadãos avancem”.

Albert Rivera, o catalão que lidera este partido que se diz centrista (e o ano passado deixou de disputar eleições apenas na Catalunha, onde nasceu para combater o independentismo), afirma por seu turno que “se o PP aceitar as condições, vão iniciar-se negociações” sobre o programa do próximo Governo.

Rivera exige ao PP a criação de uma comissão de inquérito parlamentar sobre o financiamento ilegal do partido no poder, a perda de mandato para todos os eleitos investigados por corrupção, o fim das amnistias para os condenados por estes crimes, a revisão das imunidades que beneficiam grande parte dos eleitos nacionais e regionais, e o limite de dois mandatos para o presidente do Governo, para além de uma reforma eleitoral que deixe de prejudicar os partidos mais pequenos.

Claro que o líder no partido mais votado em Junho e o presidente da quarta força do país não querem exactamente o mesmo: Rivera deseja um pacto mínimo de investidura que desbloqueie a crise; Rajoy um acordo de legislatura que dê estabilidade a longo prazo. Rivera exigira ao líder conservador “dia e hora” para o debate parlamentar de investidura, Rajoy responde que sobre isso “já veremos”.

O partido saído dos Indignados, o Podemos, o terceiro mais votado, ataca Rivera, defendendo que “o partido mais corrupto não pode formar uma comissão sobre corrupção”. Seja como for, “por mais que assinem um acordo, os votos não chegam”, lembra Carolina Bescansa, secretária de Acção Política da formação de Pablo Iglesias. A uma semana da reunião onde se vai debater a proposta do Cidadãos, Rajoy insiste que “tem de haver uma colaboração por parte do PSOE, não há muito mais onde ir buscar apoios para o debate”.

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