Membro da concelhia demite-se do Conselho Estratégico do PSD-Porto

Em causa está a forma como a concelhia reagiu ao convite que Rui Moreira fez esta semana ao vereador independente eleito nas listas dos sociais-democratas

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Pedro Cunha

Os estilhaços do mal-estar no PSD-Porto, por causa da forma como a concelhia social-democrata atacou o vereador independente, eleito na lista do PSD, que aceitou pelouro da Economia oferecido por Rui Moreira, atingiram a própria concelhia.

Hugo Dias, membro da concelhia, demitiu-se esta sexta-feira do Conselho Estratégico do PSD da Cidade do Porto por discordar dos termos usados pela concelhia do partido para comentar a decisão do vereador e do presidente da Câmara do Porto, o independente Rui Moreira. “O comunicado e as várias declarações emitidas pela concelhia do PSD-Porto relativas à atribuição do pelouro a Ricardo Valente foram a gota de água que fez transbordar o copo”, afirma Hugo Dias, que defende Pedro Duarte (ex-deputado e ex-líder da JSD) para ser o rosto da candidatura do partido ao Porto em 2017.

No comunicado que emitiu esta semana, a concelhia acusa o vereador independente, eleito pela coligação Porto Forte, de “deslealdade para quem o elegeu”, mostra “surpresa pela decisão tão categórica e tão entusiasmada com que Ricardo Valente aceitou o convite” e observa que ele se costumava referir “quase sempre em tom de crítica contundente ao trabalho do actual executivo camarário”.

Mas Rui Moreira não escapa às críticas. “Ganha, assim, o ‘albergue’ em que se está a tornar o executivo camarário, mais um cristão-novo a juntar a uma amálgama de raças, credos e oportunismo, sem precedentes na cidade do Porto”, refere a concelhia, acusando o executivo de Rui Moreira de ser “responsável por uma inenarrável execução orçamental”.

Distanciando-se da linguagem usada pelo líder da concelhia, Miguel Seabra, Hugo Dias, que foi apoiante da candidatura de Luis Filipe Menezes à câmara, sublinha que “o PSD do Porto é muito mais do que o plasmando no comunicado”. Filho de um antigo-vereador da Câmara do Porto (eleito pela CDU) a quem o então presidente da câmara Paulo Valada (PSD) atribuiu “sem preconceitos” o pelouro da Limpeza da Cidade, o agora demissionário membro do Conselho Estratégico entende que a “democracia representativa local deve ser praticada com elevação, sem facciosismo, sem partidarites,”, razão pela qual não entende o clamor que se levantou agora por causa do convite de Rui Moreira.

De resto, aproveita a sua demissão para denunciar a “incapacidade demonstrada ao longo dos últimos três anos pela comissão política na gestão dos mais importantes dossiers da cidade” e, sublinha, que a “incapacidade é de tal forma flagrante que, actualmente, dois dos três vereadores eleitos na coligação liderada pelo0 PSD em 2013, não mantêm qualquer contacto com a concelhia, exercendo os seus mandatos de forma completamente autónoma”.

Critico há muito tempo da estratégia seguida pela equipa dirigente da concelhia, Hugo Dias revela que que “chega a ser confrangedor conhecer esta realidade, sabendo que a primeira prioridade estabelecida pela concelhia era unir o partido´” e lamenta que “tenha falhado a segunda prioridade estabelecida em 2013 de fazer oposição prioritariamente ao PS e aos seus eleitos, numa tentativa fragmentadora do acordo pós-eleitoral” celebrado entre Rui Moreira e Manuel Pizarro (PS).

 Afirmando que o “PSD tem um enorme desafio pela frente” em 2013 dada a “popularidade” do actual presidente da câmara, o dirigente social-democrata assume que “se tivesse responsabilidades na concelhia do Porto já estaria a trabalhar há muito para apresentar aos portuenses um  projecto de excelência, um projecto inovador, moderno, motivador e agregador, que deveria ser personificado pela candidatura a presidente da câmara do doutor Pedro Duarte”, antigo deputado e governante e, mais recentemente, director da campanha presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa.

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