Quando a final do Campeonato Europeu de Futebol 2016 começou, a 10 de Julho, o relvado do Estádio de França já estava ocupado. Milhares de traças — mais concretamente borboletas nocturnas da espécie Y de Prata — passeavam-se por entre a relva e pelos equipamentos dos jogadores, atraídas pela luz e pelo movimento.
Se o fato azul escuro de Fernando Santos logo ficou manchado por um destes insectos (autographa gamma), os espectadores do jogo aperceberam-se na dimensão da invasão quando uma traça resolveu pousar no sobrolho de Cristiano Ronaldo, estava o capitão português no chão de lágrimas no rosto.
Como é que se explica a verdadeira praga — com contornos a roçar o bíblico — que entrou pela casa dos milhões de pessoas que assistiam à final que Portugal jamais esquecerá? A altura do ano é um factor importante, bem como o facto de as luzes do Estádio de França, em Saint-Denis, terem ficado acesas durante a noite anterior ao jogo.
As borboletas nocturnas da espécie Y de Prata são migratórias, escreve o “Guardian”, e, por esta altura do ano, começam a longa viagem que as leva do Sul para Norte da Europa em busca da região ideal para a reprodução. Ao passarem pelos arredores de Paris, os animais terão sido atraídos pela iluminação do estádio, ligada durante a noite de sábado para domingo, assegura o “Independent”. “Quando estas criaturas humanas chegaram e começaram a perseguir uma bola branca à volta delas, tiveram de se afastar e voar à volta do estádio”, explicou ao jornal inglês Richard Fox, da Butterfly Conservation.
Para lá de um fenómeno migratório natural, as traças da final do Euro 2016 também se tornaram num fenómeno viral na Internet. No Twitter e no Facebook, a “hashtag” #mothgate assumiu protagonismo, com milhares de vídeos, fotografias e montagens a serem partilhados durante e após o jogo. Houve até quem criasse uma conta dedicada à traça que pousou em Ronaldo, @Ronaldo’s Moth, com quase 11.000 seguidores em poucas horas.