Mais de 30 mortos em ataque a local de culto xiita no Iraque
Novo atentado do Estado Islâmico ocorre poucos dias depois da explosão que matou 292 pessoas.
Bombistas suicidas e atiradores mataram pelo menos 35 pessoas esta sexta-feira num ataque a um mausoléu xiita no centro do Iraque. Há ainda cerca de 50 feridos.
Dezenas de pessoas preparavam-se para celebrar o Eid al-Fitr, as festividades que marcam o fim do mês sagrado do Ramadão, no mausoléu de Sayid Mohammed bin Ali al-Hadi, em Balad (80 quilómetros a norte de Bagdad), quando atiradores começaram a visar o local.
Em seguida, dois dos atacantes fizeram-se explodir num mercado próximo do mausoléu para onde as pessoas tinham fugido, explicou à AFP um porta-voz das forças de segurança iraquianas.
Um terceiro homem foi abatido ainda antes de conseguir accionar o seu cinto de explosivos, disse o mesmo responsável.
O autoproclamado Estado Islâmico reivindicou a autoria do ataque, dizendo que teve a participação de cinco militantes, segundo a BBC. Antes, vários apoiantes da organização já tinham saudado o atentado nas redes sociais. Desconhece-se o que terá acontecido a dois dos atacantes mencionados pelo grupo terrorista.
O Estado Islâmico, que ocupa parte do território iraquiano, defende uma interpretação fundamentalista do ramo sunita do Islão, que considera os crentes xiitas como apóstatas. Diz o Guardian que, no entanto, este é o primeiro ataque a um local de culto xiita nos últimos anos. Esta era a estratégia privilegiada pela Al-Qaeda, sobretudo durante a liderança de Abu Musab al-Zarqawi.
O líder religioso xiita Moqtada al-Sadr anunciou o envio das suas milícias para a zona do mausoléu, de acordo com o Guardian, alimentando os receios de que os combates sectários possam endurecer. As milícias xiitas já se encontram em Samarra, uma cidade próxima de Balad, onde também está localizado um importante mausoléu.
Em 2006, um bombardeamento destruiu a cúpula dourada do mausoléu de Ali al-Hadi e do seu filho, Imam Hasan al-Askari, marcando o início de uma onda de violência entre grupos afectos aos dois ramos do Islão.
Este atentado ocorre poucos dias depois da explosão de um camião numa das ruas mais movimentadas de Bagdad em que morreram 292 pessoas. Este ataque reivindicado pelo Estado Islâmico foi um dos mais sangrentos no Iraque desde a invasão de 2003. Na quinta-feira, o ministro da Saúde, Adila Hamoud, disse que os corpos de 115 pessoas foram já entregues às famílias, mas continuavam os esforços para identificar os restantes.
Na sequência do atentado de Bagdad, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, demitiu os principais chefes da segurança de Bagdad. O Governo tem estado sob pressão popular por causa das demoras em aprovar reformas políticas consideradas cruciais para combater a corrupção, pôr fim ao sectarismo que divide o país e dar mais garantias de segurança. O ministro do Interior, Mohammed Ghabban, já tinha apresentado a demissão na terça-feira.
Para conter a indignação nacional, as autoridades iraquianas anunciaram a execução de cinco condenados e a detenção de 40 pessoas suspeitas de terem ligações ao Estado Islâmico.
Ataques como os que têm ocorrido no Iraque comprovam a recente mudança de estratégia por parte do Estado Islâmico. À medida que perde terreno na Síria e Iraque, o grupo terrorista parece estar a expandir o seu alcance global em matéria de ataques terroristas.
Só na última semana, perto do fim do Ramadão, o grupo foi responsável por muitas explosões suicidas e centenas de vítimas em sete países diferentes: Iémen, Líbano, Turquia, Bangladesh, Iraque, Malásia e Arábia Saudita, não contando uma tentativa frustrada de atentado no Kuwait.