Maior projecto de engenharia aeronáutica portuguesa apresentado em Alverca

Novo KC-390 quer concorrer com o conhecido cargueiro Hercules C-130

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Nuno Ferreira Santos

Com a presença de António Costa e mais três ministros do Governo, foi apresentado nesta segunda-feira, em Alverca, o primeiro KC-390, um avião de transporte militar e civil produzido pela brasileira Embraer, mas em que a engenharia e a indústria portuguesas têm uma participação muito significativa. O primeiro-ministro observou que este projecto “é um passo de gigante” para Portugal no caminho da qualificação do País “numa indústria de futuro como é a aeronáutica”.

“Sob todas as formas há um grande contributo português na concepção, na engenharia e na produção deste KC-390. Só falta haver na utilização. Lá chegaremos”, observou o chefe do Governo, abrindo a porta para um futuro comprometimento do Estado com a aquisição de alguns KC-390 para a Força Aérea Portuguesa. “Vamos ver, o senhor primeiro-ministro disse tudo o que é possível dizer nesta altura”, acrescentou o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, questionado pelo PÚBLICO.

Certo é que a Força Aérea Brasileira, parceira do projecto desde início, é, até ao momento, o único cliente que já assumiu um programa de aquisição de 28 aeronaves. Portugal tem uma “carta de intenções”, mas não formalizou nenhuma encomenda. O KC-390 vai estar, na próxima semana, no salão de Paris e, esta segunda-feira, foi pela primeira vez apresentado na Europa, no hangar 6 da Ogma-Indústria Aeronáutica de Portugal, empresa de Alverca que fabrica a fuselagem central deste novo avião. Ogma que já investiu 34 milhões de euros no projecto e criou mais 180 postos de trabalho específicos.

Também por isso, o presidente da empresa, Rodrigo Rosa, disse que este projecto do KC-390 “é uma fonte de valor para Portugal, abrindo portas para o desenvolvimento da base de conhecimento tecnológico e potenciando outros projectos”.

Iniciado há seis anos, o projecto do KC-390 é, assim, “o primeiro programa de aeronáutica com engenharia portuguesa”, segundo refere o Ministério da Economia, salientando que todo o processo de desenvolvimento, desenho, operacionalização e produção tem envolvido técnicos e empresas portuguesas, especialmente através do CEIIA (Centro de Excelência e Inovação da Indústria Automóvel), sedeado na Maia. Foram mais de 450 mil horas de trabalho de engenharia desenvolvido em Portugal. Trata-se, também, segundo o Ministério da Economia, do “maior projecto de aeronáutica em termos de participação da indústria portuguesa”, envolvendo 14 empresas de vários pontos do País.

António Costa salientou isso mesmo, frisando também que este “é um excelente exemplo de trabalho conjunto entre o Estado, a indústria e as academias” e de “parceria entre países irmãos”. O primeiro-ministro destacou, ainda, a aposta que a Embraer tem feito em Portugal. Isso mesmo reafirmou Jackson Schneider, presidente da Embrear Defesa e Segurança, referindo que o grupo brasileiro já investiu mais de 400 milhões de euros em Portugal nos últimos 11 anos e emprega mais de 2500 pessoas em Portugal, especialmente em Alverca e em Évora. “É uma história que continua com o KC-390, que teve uma participação fundamental de Portugal. Daqui e de outras 13 empresas portuguesas saem uma série de componentes e de estruturas várias que vão ser aplicadas no avião. Esse esforço é também fundamental para capacitar a indústria aeronáutica portuguesa na cadeia de fornecedores global”, rematou, numa intervenção interrompida, a dada altura, por uma falha de energia. Para além da fuselagem central, as empresas portuguesas fabricam estabilizadores horizontais e verticais, o leme principal e painéis para as asas.

O KC-390 está vocacionado para fins militares e civis e para tarefas de transporte e missões de salvamento. O projecto visa, de certo modo, substituir o conhecido C-130. Apresentado como o maior projecto liderado pela indústria aeronáutica brasileira, este avião tem um comprimento de 35,2 metros e uma largura (com asas) de 35,05 metros. Está capacitado para uma diversidade de tarefas, desde transporte de equipamento militar e de cargas civis até ao combate a incêndios.

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