Sobre a noite passada: A Guerra dos Tronos é longa e cheia de terrores – e de portas
The Door, exibido segunda-feira em Portugal, já é um dos episódios mais cotados da série. A temporada está a meio e os vídeos de reacções e as revelações de George R.R. Martin continuam a alimentar uma das séries mais populares e debatidas dos últimos anos.
Só episódios de A Guerra dos Tronos como Hardhome (temporada cinco, episódio oito) ou The Rains of Castamere (temporada três, episódio nove) estão mais cotados na base de dados IMDb. Os capítulos televisivos da batalha entre as forças do herói Jon Snow e os Caminhantes Brancos e do sangrento Red Wedding aproximam-se, na votação dos espectadores, de uma rara perfeição – 9,9 pontos em dez. O mais recente episódio da série, The Door, com o seu final pungente, amplamente discutido e chorado na Internet e em salas e bares de todo o mundo, está no seu encalço como uma avalanche de mortos-vivos. Se não viu este episódio, guarde este texto para depois porque são aqui revelados traços da história.
Na segunda-feira à noite em Portugal, através do canal SyFy, e no domingo à noite nos EUA, país de origem da HBO que transmite uma das séries mais populares e alvo de culto da actualidade, abriu-se The Door para o meio da sexta temporada de A Guerra dos Tronos. Os cinco livros (editados em Portugal em dez volumes, pela Saída de Emergência) estão ultrapassados pela TV em muitas das grandes linhas narrativas do universo de fantasia de George R.R. Martin, mas foi o escritor que ainda se debate com o sexto livro, The Winds of Winter, que revelou mais um dos momentos choque das Crónicas de Gelo e Fogo.
Multimédia: A Guerra dos Tronos, televisão sem misericórdia
Os elementos fundamentais de um episódio focado não tanto na Guerra dos Tronos que dá o nome à série televisiva, mas sim nas Crónicas de Gelo e Fogo que baptizam a saga literária – as lutas intestinas vs. o big picture – foram duas histórias de origem: a dos Caminhantes Brancos, ameaças sobrenaturais para o mundo humano, e a do bonacheirão e simplório “Hodor”, ou Willis, companheiro de Bran Stark. Apesar de estarem a jogar em tabuleiros diferentes num mesmo torneio de narrativa sobre Westeros, Essos e outros mundos, os produtores executivos da série consultam-se com Martin para saber os grandes traços da história. Este foi então um desses casos.
“Tivemos uma reunião com George Martin em que estávamos a tenter obter o máximo de informação possível dele, e a revelação mais chocante que ele tinha para nós foi provavelmente quando nos disse a origem de Hodor e como é que esse nome surgiu”, explica Benioff nos vídeos Inside the Episode que a HBO disponibiliza como comentário após cada episódio. “Só me lembro de eu e o Dan olharmos um para o outro quando ele o disse e de ficarmos... ‘Holy shit’”.
O episódio é cotado, à hora de publicação desta notícia, com uma pontuação de 9,8 em dez no IMDB, ultrapassando já – numa votação que está em aberto – aqueles em que se esperariam os mesmos níveis de emoção e investimento dos espectadores no destino de personagens queridas. Mother’s Mercy, por exemplo, o final da quinta temporada em que a personagem Cersei Lannister fez uma debatidíssima caminhada da vergonha, mas sobretudo o episódio que gerou uma longa época intercalar de especulação sobre o destino de Jon Snow, herói atacado pelos seus correligionários, teve 8,7 pontos no IMDb; e mesmo a revelação do destino final de Snow no segundo episódio da actual temporada, em Home, situa-se nos 9,5 pontos (com mais cerca de quatro mil votantes).
Já no agregador Rotten Tomatoes, The Door, realizado por Jack Bender (Perdidos), é um dos dois episódios mais populares desta temporada, com uns unânimes 100%, a par do seu antecessor Book of the Stranger – o valor, no entanto, não é incomum entre os utilizadores mais generosos deste site.
Traço fundamental da série, os revezes da intriga e a impiedosa abordagem de George R.R. Martin, agora sobretudo comunicada por David Benioff e D.B. Weiss, tornam A Guerra dos Tronos uma das mais esmiuçadas narrativas televisivas da década. Tanto o final de Home quanto o final de The Door, e como Mother’s Mercy, The Rains of Castamere, The Lion and the Rose e outros antes dele, são já matéria de vídeos de reacção em plataformas como o YouTube. Nas duas últimas noites, os fãs deitaram as mãos à cabeça e choraram. No caso de Home, os gritos eram de júbilo.
A Guerra dos Tronos é vista por milhões de pessoas em todo o mundo e esta temporada é a mais cara de sempre – dez milhões de dólares (aproximadamente nove milhões de euros) é o orçamento-recorde para cada episódio, como soube o PÚBLICO em Londres durante as entrevistas com membros do elenco. A sexta temporada tem mais cinco episódios, estando previstas mais duas e mais dois livros.