Santa Casa da Misericórdia apoia Fundação Ricardo Espirito Santo Silva
A parceria assinada esta sexta-feira assegura o financiamento necessária para que a Fundação criada pelo banqueiro Ricardo Espirito Santo Silva garanta a continuação das suas actividades.
O acordo foi assinado esta sexta-feira e tem por objectivo assegurar financiamento que, perante a sua actual fragilidade financeira, “garanta a continuação das actividades da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva (FRESS)”. Trata-se de uma parceria entre a Santa Casa de Misericórdia de Lisboa (SCML), que tem por provedor Pedro Santana Lopes, e a fundação criada nos anos 50 pelo banqueiro Ricardo Espírito Santo Silva.
Na nota publicada no site da Santa Casa não são referidos os valores de ajuda agora contratualizados, mas nela é citada Conceição Amaral, presidente do Conselho de Administração da FRESS desde Janeiro de 2015, que considera a parceria “um gigante passo em frente” para a “continuidade” da “missão principal” da fundação. A FRESS, que tinha por principal mecenas o Grupo Espírito Santo, viu fragilizar-se muito a situação financeira depois do colapso do BES.
A parceria agora assinada resulta de negociações iniciadas em Junho de 2015 e que envolveram a Santa Casa, a FRESS, a Câmara Municipal de Lisboa e o responsável pela Cultura no Governo. O seu objectivo é assegurar o “financiamento que garanta a continuação das actividades da FRESS”. A saber, como referido na nota publicada no site da Santa Casa: “a realização de ‘projectos de conservação e restauro em património da SCML; a integração de jovens que se encontrem em situação de formação em contexto de trabalho; o acesso a jovens apoiados pela SCML à oferta formativa da Fundação, através da criação de quotas; o apoio ao desenvolvimento de projectos de carácter inovador e o desenvolvimento de relações institucionais, económicas e culturais com outras entidades públicas e privadas, nacionais e internacionais”.
No final da cerimónia de assinatura do contrato, Pedro Santana Lopes alertou para a necessidade de a fundação “criar mais receitas próprias”, algo para o qual trabalharão em conjunto as instituições envolvidas na nova parceria.
Em Julho de 2015 a Câmara Municipal de Lisboa atribuiu 150 mil euros à FRESS, considerando que o "modelo de financiamento" e a "sustentabilidade" daquilo haviam sido postos em causa com a queda do seu Grupo Espírito Santo. Na proposta, aprovada com abstenção do PCP e voto favorável dos restantes partidos, o presidente do munícipio lisboeta, Fernando Medina, defendia que a FRESS "é uma instituição cultural de forte cariz patrimonial, cujo projecto, caso único na Europa e a raro a nível mundial, é reconhecido nacional e internacionalmente como um projecto de inquestionável relevância cultural".
A fundação é uma instituição de direito privado com estatuto de interesse público, criada em 1953 quando Ricardo do Espírito Santo Silva, avô do banqueiro Ricardo Salgado, doou o Palácio Azurara (nas Portas do Sol, no centro histórico de Lisboa) e parte da sua colecção privada de artes plásticas e decorativas ao Estado português, criando-se o museu-escola e as oficinas de restauro em talha dourada, mobiliário, azulejo, encadernação e tapetes de arraiolos. A fundação tutela ainda a Escola Superior de Artes Decorativas e o Instituto de Artes e Ofícios.