Um novo circuito pedonal em torno da Mata do Buçaco, que permite "redescobrir lugares esquecidos de rara beleza", entrou esta semana em funcionamento por iniciativa de um entusiasta local de caminhadas, o hoteleiro Nuno Alegre.

"Trata-se do primeiro percurso de longa duração no Luso e Buçaco que respeita a sinalética normalizada internacionalmente, o que permite excluir a necessidade absoluta de um guia", explica Nuno Alegre, que durante a demarcação do circuito de 11 quilómetros teve a ajuda de "um pequeno grupo de amigos", onde se destacam alguns autarcas locais, como o presidente da Junta de Freguesia do Luso.

Dentro da mata do Buçaco existem há alguns anos alguns percursos sinalizados de curta duração, muito frequentados pelos visitantes, mas que não têm um grau de dificuldade que permita atrair turistas especializados em trekking e hiking, modalidades de caminhada.

"Através da minha actividade como hoteleiro percebi que faltava um circuito que proporcionasse uma visão mais alargada do Luso e do Buçaco, capaz de atrair um tipo de turistas que viajam para caminhar", explica Nuno Alegre, que avançou sozinho para o projecto, tendo ele próprio construído os carimbos que permitiram sinalizar o percurso.

"Houve uma enorme preocupação com a questão ambiental, restringindo a simbologia ao mínimo, usando tintas com certificado ecológico, utilizando suportes já pré-existentes e de forma discreta, por forma a serem vistos apenas por quem os pretende procurar", explica o dono do Alegre Hotel, no Luso.

Alegre optou por um percurso circular, que foi delimitado em meia dúzia de jornadas de trabalho de oito horas diárias, tendo tido a preocupação de seleccionar "locais de rara beleza, raramente visitados" apesar da suas óbvias virtudes.

"O Luso e o Buçaco ofuscam normalmente os restantes locais à sua volta, mas os restantes locais também possuem a sua beleza e charme próprios", explica Nuno Alegre, dando como exemplos a aldeia de Várzeas, a ponte do comboio, o túnel e as minas de carvão do Salgueiral, as posições militares do lado norte da Batalha do Buçaco, a crista de depósitos fósseis do Silúrico ou o Cabeço dos Judeus.

Em conjunto, explica o hoteleiro, estes locais "permitem uma visão de 360 graus do Monte Buçaco, cujos ângulos vão surpreender os visitantes.

O novo percurso vai agora ser submetido à homologação da Federação Portuguesa de Campismo e Montanhismo, mas já está disponível para visitas, havendo diversos pontos de entrada no circuito, devidamente assinalados.

"Caberá aos agentes económicos ligados à área do turismo, como sejam os hotéis, restaurantes, cafés, lojas e outros, agir individualmente ou em conjunto por forma a maximizar as receitas que possam ser geradas com base neste novo produto turístico no Luso e Buçaco", conclui Nuno Alegre.