Linhas do TGV incendiadas em França antes da abertura dos Jogos Olímpicos
Registam-se atrasos em várias linhas do comboio de alta velocidade. Aeroporto franco-suíço evacuado por razões de segurança.
As linhas de comboios de alta velocidade estão com falhas em França, no dia em que arrancam os Jogos Olímpicos em Paris, depois de actos de vandalismo na madrugada desta sexta-feira. Em alguns dos casos, os atrasos ultrapassam os 90 minutos, estimando-se que os constrangimentos possam afectar mais de 800 mil passageiros até estarem resolvidos.
Ainda esta segunda-feira, já a meio da manhã, o aeroporto franco-suíço de Basileia-Mulhouse foi evacuado por razões de segurança. Teme-se agora que os constrangimentos de circulação sejam ainda maiores, juntando-se a interrupção do tráfego aéreo deste aeroporto à já débil movimentação de comboios de alta velocidade.
A companhia ferroviária francesa disse esta sexta-feira que as linhas Atlantique, Nord e Est do comboio de alta velocidade (TGV) foram incendiadas com engenhos explosivos durante a noite, classificando o acto como um ataque maciço, a poucas horas da abertura dos Jogos Olímpicos.
“Vários actos danosos simultâneos” afectaram as linhas TGV Atlantique, Nord e Est. Foram “ateados fogos criminosos que danificaram” estruturas das linhas de alta velocidade, explicou o grupo ferroviário num comunicado de imprensa. Outro ataque à linha Paris-Marselha saiu frustrado.
A ministra do Desporto francesa, Amélie Oudéa-Castera, classificou como sabotagem o “ataque maciço” contra a rede ferroviária e disse que as autoridades estão a avaliar o impacto nas deslocações e a garantir o transporte das delegações para os locais de competição.
“Agir contra os jogos é agir contra a França, contra o seu próprio campo, contra o seu país”, disse Amélie Oudéa-Castera, em declarações à televisão BFM, sublinhando que os Jogos Olímpicos 2024 foram “preparados com muito cuidado por várias centenas de milhares de pessoas durante quase dez anos”.
Como consequência, a circulação dos comboios de alta velocidade (TGV) nestes três eixos está com muitas “perturbações”. “Estamos a desviar alguns comboios para linhas convencionais, mas teremos de eliminar um grande número deles”, informa a companhia ferroviária francesa (SNCF). A linha sudeste do TGV, no entanto, “não está a ser afectada”, esclareceu o grupo.
O grupo ferroviário refere que as equipas da SNCF Réseau “já estão no local para fazer o diagnóstico e iniciar as reparações”, mas adverte-se que a “situação deverá durar pelo menos todo o fim-de-semana, enquanto decorrem as intervenções”.
Este ataque ocorre poucas horas antes da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris, quando muitas pessoas pretendem deslocarem-se para a capital. “Todos os clientes serão informados por SMS sobre o funcionamento dos seus comboios”, disse a SNCF à agência de notícias France Press. A empresa aconselha “todos os viajantes a adiarem a viagem e a não se deslocarem à estação”, especificando no seu comunicado que todos os bilhetes podem ser trocados e reembolsados.
Até agora, ninguém assumiu a responsabilidade pelos ataques e o primeiro-ministro francês Gabriel Attal disse que era muito cedo para especular sobre quem poderia estar por trás deles. Duas fontes de segurança disseram à Reuters que o modo de ataque fez com que as suspeitas iniciais recaíssem sobre militantes de esquerda ou activistas ambientais, mas alertaram que ainda não tinham nenhuma prova disso.
A procuradoria de Paris disse que uma investigação seria supervisionada pelo departamento de combate ao crime organizado, com a subdirectoria anti-terrorista (SDAT), um ramo da polícia judiciária francesa que normalmente monitoriza grupos radicais e extremistas.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse em Junho que a Aliança havia visto vários exemplos de "sabotagem e tentativas de incêndio criminoso" pela Rússia, mas não há indícios de que Moscovo possa estar por trás dos ataques de sexta-feira em França.