Temer já está em negociações para assumir a presidência do Brasil
O ainda vice-presidente vai dar início a consultas "oficiais" para formar uma equipa governativa. "Agora vem o mais difícil", disse aos assessores.
Com a passagem do processo de impeachment de Dilma Rousseff para o Senado, o vice-presidente brasileiro está mais próximo de assumir a liderança do país. No domingo, Michel Temer disse aos seus assessores: “Agora é que vem a parte mais difícil”, cita o jornal Folha de São Paulo.
Temer prepara-se para iniciar ainda esta segunda-feira as primeiras movimentações para formar a equipa que tomará posse caso o Senado confirme a decisão da Câmara dos Deputados, que no domingo aprovou a destituição com 367 votos a favor e 137 contra, adianta a Folha.
Se a decisão do Senado (que poderá só ser conhecida em meados de Maio) for no mesmo sentido, Dilma Rousseff enfrentará em tribunal a acusação de quebra das leis orçamentais. Será então, e durante o período em que decorre o julgamento, que Temer assumirá automaticamente a presidência. Mas na eventualidade de Dilma ser considerada culpada, Temer ficará como chefe de Estado até ao final do mandato, previsto terminar em finais de 2018. Isto, caso não sejam marcadas eleições antecipadas.
Explica o Estado de São Paulo que Temer vai começar as suas movimentações abrindo uma linha de negociação com o presidente do Senado, Renan Calheiros, que já disse que não vai acelerar o processo - como fez Eduardo Cunha na Câmara de Deputados, marcando sessões para todos os dias, inclusivamente para sábados e domingos.
Segundo fontes da Reuters, o vice-presidente estava há alguns dias a ponderar convidar Paulo Leme, presidente da Goldman Sachs no Brasil, para ministro das Finanças, e Luiz Fernando Figueiredo, ex-responsável do Banco Central e fundador da empresa de gestão de capitais Mauá Capital, para o Banco Central, ou para o Tesouro.
Antigo aliado do PT, o PMDB do vice-presidente passou em Março para a oposição, tornando-se um dos fortes apoiantes da destituição. Ainda antes da votação, Temer gravou uma mensagem em vídeo como se o impeachment tivesse sido aprovado; a mensagem foi enviada - por acidente, disse Temer - para um grupo de Whatsapp de membros do PMDB e divulgada pela imprensa brasileira. O vice-presidente afirmava que “é preciso um Governo de salvação nacional e, portanto, de união nacional”, para pacificar e reunificar o país; e prometia manter os programas sociais emblemáticos dos governos do PT (Partido dos Trabalhadores), entre eles o Bolsa Família.
O vídeo levou Rousseff a acusar o seu vice de ser o “chefe da conspiração” e um “golpista” (nome que os defensores do Governo dão aos partidários do impeachment, por considerarem que o processo movido contra Dilma é uma tentativa ilegítima de derrubar uma Presidente eleita). E prejudicou a imagem de estadista que Temer tinha vindo a cultivar. Mas os brasileiros não têm melhor opinião dele que de Dilma Rousseff: uma recente sondagem do Datafolha indicava que 60% dos inquiridos desejavam que ambos se demitissem.