Cartas à Directora
As bofetadas
A polémica à volta das prometidas, mas não concretizadas, bofetadas do ex-ministro João Soares apenas demonstra a nossa invulgar falta de coragem. Em vez se actuarmos prometemos que fazemos; depois vê-se o resultado. Neste caso o ministro foi descansar e a cultura fica como sempre esteve em Portugal: mal tratada, ignorada e adida.
Gens Ramos, Porto
A bofetada de António Costa
Na edição deste domingo, 10 abril – ainda sem ministro da cultura em Portugal depois da demissão de João Soares-, o Público sublinha o trabalho que as câmaras municipais têm vindo a realizar há vários anos no sector cultural. Como escreveram os jornalistas Carlos Dias e Sara Dias Oliveira, o poder central devia estar mais presente, “mas as câmaras dão conta do recado”.
Até parece que só o poder local se dá conta de que a cultura é, de facto, um “motor de desenvolvimento”. Refiro apenas o exemplo do meu município que, segundo o seu vereador da cultura, as receitas de 2015 foram superiores às expectativas em 14 mil euros.
Mas não chega o dinamismo local nesta área. Tem que existir uma política cultural que parta do poder central. Tem que existir um ministério e, evidentemente, um ministro à altura. Portugal não tem valorizado, nem de perto nem de longe, este setor. O Governo anterior não criou o ministério da cultura e, o atual, escolheu mal o ministro. António Costa foi o responsável pela escolha de João Soares que conhece muito bem (foi seu vereador da cultura na câmara de Lisboa).
Os portugueses exigem um ministério da cultura e um ministro exigente, pacificador, que saiba relacionar-se “diplomaticamente” com todos e, sobretudo, com jornalistas e suas críticas, e que trabalhe! E que o faça no sentido de elevar o nível cultural do pais e que incentive artistas e seus projetos.
A segunda bofetada de Costa para João Soares foi ter escolhido um diplomata para o cargo, Casto Mendes (a primeira bofetada o “ultimato” aos seus ministros para que não se esqueçam que, mesmo no café ou noutras circunstâncias, não deixam de representar o governo português).
Esperemos que Costa tenha escolhido bem o segundo ministro da cultura (no espaço de 4 ou 5 meses) que, como escreveu Manuel Carvalho, não seja alguém que pertence a essa classe de políticos quer se “julgam investidos de um direito divino a viver e agir acima dos mortais” e que não seja outro “aristocrata da política” ao jeito de João Soares.
Céu Mota, St.ª Maria da Feira
Draghi em Portugal
Não apreciei em termos tecno-económicos o discurso do sr. Mário Draghi de ontem em Lisboa, em Belém. É preciso prepararmo-nos para solicitar uma alteração do Pacto de Estabilidade e Crescimento, no sentido a um funcionamento mais dinâmico e sustentado em termos sociais das economias nacionais da União Europeia. Dar razão a Passos Coelho contra Costa e a Vítor Gaspar/ Maria Luís Albuquerque, não ajuda a resolver os graves problemas nem de Portugal , nem da União Europeia
José Manuel Graça Dias, Algés-Miraflores