Constâncio evita questões sobre Banif durante ida ao Parlamento Europeu

Questionado sobre o processo de resolução e venda do Banif, o vice-presidente do BCE limitou-se a responder que "não houve qualquer imposição" ao banco comprador, o Santander Totta.

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.REUTERS/Darrin Zammit Lupi

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Vítor Constâncio, evitou esta quinta-feira, no Parlamento Europeu, questões sobre o processo que levou à resolução e venda do Banif, "contornando" uma pergunta de um eurodeputado e ignorando as dos jornalistas.

Constâncio, que se deslocou à comissão de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu, em Bruxelas, para apresentar o relatório anual do BCE, ao ser questionado durante a sessão por um deputado espanhol do Podemos sobre o processo de resolução e venda do Banif ao Santander, limitou-se a responder que "não houve qualquer imposição" ao banco comprador, o Santander Totta.

"Relativamente à questão do Santander, o Santander tomou as suas decisões em total liberdade. Não houve qualquer imposição ou interferência nas decisões do Santander, isso é muito claro. O Santander tomou as suas decisões sem qualquer pressão ou interferência. Isso não podia acontecer e não aconteceu", declarou, passando de imediato às questões seguintes.

À saída da comissão parlamentar, questionado por jornalistas portugueses sobre a decisão do BCE de suspender o estatuto de contraparte do Banif e instado a confirmar se presidiu à reunião na qual essa decisão foi tomada, Vítor Constâncio ignorou as perguntas e caminhou em passo rápido sem prestar declarações.

Na terça-feira, o governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, escusou-se a dizer se Constâncio presidiu a uma reunião decisiva de governadores sobre o Banif.

A reunião em causa, de 16 de Dezembro, foi um dos motes centrais das perguntas do deputado do CDS-PP João Almeida a Carlos Costa, naquela que foi a primeira ronda de questões da audição do governador na comissão de inquérito sobre o Banif.

Questionado sobre quem presidiu à reunião que ditaria o alerta de suspensão do estatuto de contraparte (capacidade de financiamento a nível europeu) do Banif, Carlos Costa respondeu, sem concretizar, que foi a "pessoa habilitada para presidir naquele momento e naquelas circunstâncias" à reunião.

"Eu sei que era o doutor Vítor Constâncio e você também sabe", declarou depois João Almeida, numa das mais acesas trocas de palavras da tarde.

O governador continuou: "Por que é que precisa que confirme as suas certezas?". Depois, Carlos Costa declarou estar "vinculado ao código de conduta" do seu cargo, código esse que "tem de respeitar", justificando desse modo não responder à pergunta do parlamentar centrista.