Portas fechadas na Grécia levam refugiados a procurar as costas de Itália
Número de chegadas à Sicília subiu em relação ao mesmo período do ano passado. Especialistas dizem que as pessoas "vão continuar a tentar travessias mais perigosas se a fronteira entre a Turquia e a Grécia lhes for fechada".
A entrada em vigor do acordo entre a União Europeia e a Turquia para travar a entrada de refugiados levou a um aumento substancial das chegadas às costas de Itália.
De acordo com os números do Ministério do Interior italiano, desde o início do ano chegaram ao país 16.075 migrantes e refugiados, em comparação com os pouco mais de 10 mil registados no mesmo período do ano passado. A maioria foi resgatada durante a travessia de barco entre as costas da Líbia e a Sicília.
Enquanto nos últimos dias o número de pessoas que chegaram às ilhas gregas através da Turquia desceu dos muitos milhares para poucas centenas, mais de 1500 chegaram a Itália através da Líbia só na terça-feira – numa travessia do Mediterrâneo que dominou as notícias entre 2014 e 2015, mas que acabou por ser ultrapassada pelo caminho da Turquia para a Grécia.
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Com o acordo entre a União Europeia e a Turquia, os líderes europeus esperam que o número de refugiados diminua de forma substancial, mas os especialistas dizem que o problema é mais fundo.
"As nossas investigações mostram que os refugiados e migrantes não tomam a decisão de abandonar as suas casas de forma ligeira. Estão dispostos a correr riscos significativos e não vão ser dissuadidos pelas políticas e pelas restrições dos países da União Europeia”, disse ao jornal britânico Independent Marta Foresti, do think-tank Overseas Development Institute, com sede em Londres.
“As pessoas que forem excluídas [de uma entrada na Europa] por causa do acordo vão continuar a tentar travessias mais perigosas se a fronteira entre a Turquia e a Grécia lhes for fechada”, alertou a mesma responsável, que terminou com uma crítica aos líderes europeus: “A União Europeia não conseguiu dar uma resposta humana e pragmática à crise. Agora o que é preciso é uma liderança a nível global.”