A culpa é de um polícia, diz ministro do Interior belga
Oficial de ligação na embaixada da Bélgica na Turquia não transmitiu correctamente informações sobre bombista do aeroporto, Ibrahim al Bakraoui, afirma governante.
A culpa da falta de informação em Bruxelas sobre a radicalização de Ibrahim al Bakraoui, um dos bombistas-suicidas que se fez explodir no aeroporto de Zaventem, é do polícia que ocupa o posto de oficial de ligação com as autoridades turcas na embaixada da Bélgica em Ancara, afirmou nesta sexta-feira o ministro do Interior belga, Jan Jambon, no Parlamento.
“Só posso concluir que uma pessoa foi no mínimo negligente, pouco pró-activa, e pouco empenhada”, afirmou o ministro, que na véspera tinha oferecido a sua demissão ao primeiro-ministro (recusada), reconhecendo terem existido erros de segurança. Numa audição conjunta das comissões da Justiça, do Interior e dos Negócios Estrangeiros, Jambon acusou este oficial da polícia federal de ter demorado muito a informar o Governo da detenção de Ibrahim al Bakraoui junto à fronteira com a Síria no Verão passado e da sua extradição para a Holanda – onde não foi detido, pois não havia qualquer mandato para a sua captura.
Segundo a explicação do ministro, Bakraoui foi capturado na Turquia a 11 de Junho de 2015 e as autoridades turcas informaram a embaixada belga de que seria colocado num avião para Amsterdão, como este tinha pedido, a 14 de Julho. Como o oficial de ligação belga só informou Bruxelas seis dias mais tarde, a 20 de Julho, de que Ibrahim al Bakraoui tinha sido detido na Turquia por suspeita de estar a tentar atravessar a fronteira para ir para a Síria juntar-se a um grupo terrorista, as autoridades holandesas não o detiveram à chegada. Não havia um alerta internacional em seu nome – apenas era procurado por ter deixado de comparecer às reuniões de controlo da liberdade condicional desde Maio (fora condenado na Bélgica por um crime de delito comum).
O oficial de ligação em Ancara procurou depois obter mais dados das autoridades turcas para confirmar a detenção por terrorismo – mas a resposta só chegou a Bruxelas a 11 de Janeiro de 2016.
“O passado dos irmãos Al-Bakraoui [Khalid, que também estava em liberdade condicional, fez-se explodir na estação de metro de Maelbeek] não era assim tão negativo como o sugerem estes últimos dias”, tentou justificar o ministro da Justiça, Koen Geens, que também ofereceu a sua demissão, igualmente recusada pelo primeiro-ministro Charles Michel.
Vai ser aberta uma comissão parlamentar de inquérito sobre este caso que, no entanto, ainda não tem data prevista para início dos trabalhos.