Renegociação da dívida é da “máxima importância” para o Bloco

Nos Açores, Catarina Martins defendeu que "uma estratégia para os sectores produtivos do país" passa "necessariamente pela regulação de mercado" e que os EUA devem ser responsabilizados pelos "danos ambientais" e impactos sociais da redução do efectivo das Lajes.

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Bruno Lisita

A poucos dias da criação do grupo de trabalho com bloquistas, elementos do Governo e especialistas independentes que vai estudar a questão da dívida pública portuguesa, a porta-voz BE defendeu que a renegociação da dívida pública "é um assunto da máxima importância para que o país tenha os recursos que precisa para investir e para criar emprego".

"É um assunto que nós sabíamos que não seria abordado neste Orçamento do Estado, mas que sobre o qual nós vamos começar a trabalhar a partir da próxima semana. Começamos com grupos de trabalho em várias áreas, nas áreas centrais com o Governo do Partido Socialista e grupos de trabalho sobre" questões do emprego, do combate à pobreza e sobre o direito à habitação, exemplificou Catarina Martins em Rabo de Peixe, concelho da Ribeira Grande, Açores, numa sessão pública subordinada ao tema "O que quer o Bloco para os Açores?"

A porta-voz do Bloco sublinhou a importância de estudar o assunto, defendendo a ideia de que "quando um problema é grande não se deve varrê-lo para debaixo do tapete", mas antes "é preciso estudá-lo, é preciso conhecê-lo e ter propostas técnicas".

Para a porta-voz do BE, a renegociação da dívida pública é uma prioridade à semelhança do emprego, referindo sobre este último ser preciso "constituir os direitos do trabalho que a troika destruiu e que não têm impacto orçamental, mas que têm um impacto tremendo na dignidade de quem vive do seu trabalho em Portugal".

Sectores produtivos com mercado regulado
Catarina Martins defendeu que "uma estratégia para os sectores produtivos do país" passa "necessariamente pela regulação de mercado". "Portugal tem de ter uma estratégia para os sectores produtivos do país. E se precisamos sem dúvida de apoios sociais de urgência, quando vemos pescadores ou produtores de leite em tantas dificuldades, precisamos também de ter uma estratégia porque o país precisa de produzir, de ter emprego ", afirmou a dirigente do Bloco.

"Essa regulação de mercado tem de ser feita do ponto de vista europeu, dialogando com os outros Estados-membros, mas Portugal não pode abdicar da sua capacidade de regular mercados e de tomar decisões sobre os seus recursos, seja relativamente ao mar, seja relativamente ao leite", preconizada.

Questionada sobre a eventualidade de a base das Lajes, na ilha Terceira, onde os norte-americanos têm em curso a redução do efectivo, não ser a opção para instalar um centro de informações dos Estados Unidos da América (EUA), Catarina Martins recordou que o partido sempre se manifestou contra a postura "de ficar eternamente à espera que venha uma solução" deste país. "O centro de informações é só mais uma dessas quimeras, ficar à espera que alguém venha trazer a solução, que nós temos a responsabilidade de criar", disse.

Para Catarina Martins, a solução para a base das Lajes tem de ser vista com base numa "resposta regional" para defender "os interesses e o emprego". "Ter a região refém dos interesses dos EUA está a tirar possibilidades à região", considerou, acrescentando que os Açores têm uma “posição geoestratégica extraordinária, não devem estar ao serviço dos EUA, devem estar ao serviço da região".

Se for retirado às Lajes o cariz militar que tem, "pode ser uma base civil importantíssima que pode trazer emprego e desenvolvimento à região". A bloquista defende que "a região e o país não devem ter uma posição de subserviência, mas sim de exigência", e que os EUA devem ser responsabilizados no que toca aos "danos ambientais", como aos impactos sociais da redução do efectivo.