“Isto não é azedume”, mas vão pedir apoio à esquerda, diz o PSD ao PS

Luís Montenegro classifica OE2016 de “presente envenenado” e afirma que Costa está a repetir a dose de Sócrates em 2009, dando “o que tem e o que não tem”. A “factura” não tardará, avisa.

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Para Montenegro, este OE é “mau, não é amigo das famílias, não é amigo das empresas, não combate as desigualdades” Enric Vives-Rubio

O desafio de colaborar com os socialistas no Programa de Estabilidade e Crescimento e no Plano Nacional de Reformas deixado por Carlos César à direita teve de Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD, a resposta que o PSD insiste em levar até ao fim e que aplicou na discussão do Orçamento: no dia em que o Governo e António Costa não tiverem o apoio dos partidos com que assinaram acordos “terão de se demitir”.

“Isto não é uma questão de azedume e muito menos ameaça política”, apressou-se a dizer o líder da bancada social-democrata, mas sim uma “questão de seriedade, de responsabilidade política e de verdade”. Luís Montenegro acrescentou: “Não contem connosco para atitudes dissimuladas. Não somos dos que afinam e mudam o discurso em função das plateias que têm pela frente. Nós não somos desses.”

O discurso foi assim do princípio ao fim nos 17 minutos de que o PSD dispunha para intervir: Montenegro tentou explicar a atitude do seu partido vincando as diferenças de atitude perante o país, os problemas e o Orçamento entre os dois, tentando desmontar as críticas dirigidas pela esquerda, em especial o facto de não ter apresentado propostas de alteração.

“O PSD é muito claro e transparente: discordamos da estratégia política e económica desta governação, discordamos naturalmente deste Orçamento”, disse Luís Montenegro, alegando que o partido se absteve para permitir que a esquerda “encontrasse sem queixume as suas opções”. “Este é o OE do dr. António Costa, da deputada Catarina Martins e do deputado Jerónimo de Sousa”, afirmara, esquecendo o PEV. “Os três convergiram nas opções, fizeram as escolhas e os três respondem por elas. Este Orçamento é socialista, é bloquista e é comunista.”

Para o PSD, este OE é “mau, não é amigo das famílias, não é amigo das empresas, não combate as desigualdades”, disse o social-democrata. São as “razões substantivas” para o partido ser contra o documento. Luís Montenegro avisou que à “imprudência orçamental de hoje vai corresponder o plano B de amanhã” e que Costa está a fazer o que Sócrates fez em 2009 – “dá o que tem e o que não tem para, a seguir, cobrar em dobro o que deu antes” – pelo que a “factura” não tardará.

Na sequência da estratégia que o PSD usou na votação do OE na especialidade – abstendo-se nas propostas de alteração para obrigar o PS a votar contra os seus parceiros de acordo , Luís Montenegro explorou as divergências à esquerda. Lembrou que o primeiro-ministro veio a público “aflito”, porque não conseguia apoio do BE e do PCP para as ajudas à Turquia e à Grécia para os refugiados, mostrando ao país que a maioria de esquerda “é só para a mercearia, não é para as questões de Estado”.

Montenegro ironizou sobre a “maioria sólida, consistente e duradoura” que clama ser coerente, para considerar que, no fundo, se trata de um “chico-espertismo [do PS] que é tão arrogante como saloio”.

Tentando especificar as diferenças entre o que o PSD propunha e as opções da esquerda, o líder da bancada social-democrata classificou a estratégia orçamental de PS, BE, PCP E PEV como um “presente envenenado aos portugueses” e disse que o OE2016 é “demasiado precário e irrealista”. “O Governo e o primeiro-ministro não conseguem, por mais que queiram, disfarçar a inevitabilidade de um plano B”, prevê Luís Montenegro.

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