“O nuclear em Portugal está morto e enterrado”

“A energia nuclear não morreu em termos mundiais”, diz Pedro Sampaio Nunes, um rosto conhecido na defesa da energia nuclear. Mas em Portugal sim.

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O ex-secretário de Estado da Energia do Governo de Santana Lopes diz que não faria sentido construir centrais nucleares, depois do forte investimento feito nas eólicas Enric Vives Rubio

Pedro Sampaio Nunes é um dos rostos mais conhecidos na defesa do nuclear, mas considera que, em Portugal, neste momento, ele “está morto e enterrado, sobretudo por causa dos seus custos”. O ex-secretário de Estado da Energia do Governo de Santana Lopes diz que não faria sentido construir centrais nucleares, depois do forte investimento feito nas eólicas, mas assume críticas à forma como esse investimento avançou: “A capacidade instalada foi feita de forma extemporânea porque as energias renováveis não estavam ainda maduras.”

E o resultado está à vista: “Temos o quarto custo mais elevado da Europa na produção de energia e os custos de electricidade mais elevados para as PME e famílias”, diz, em declarações ao PÚBLICO, no dia em que em Ferrel, Peniche, se assinalaram os 40 anos de uma manifestação contra aquela que poderia ter sido a primeira central nuclear portuguesa.

É devido a essa aposta errada, prossegue Sampaio Nunes, que o défice tarifário português representa 3% do PIB e os custos de produção são dos mais elevados da Europa. “Houve um entusiasmo muito grande com as renováveis para o qual eu sempre alertei. E agora temos uma situação de rendas elevadas que penalizam muito a nossa economia.”

Admitindo que o nuclear morreu em Portugal — “por razões de aceitação pública e por razões técnicas” — Pedro Sampaio Nunes diz que a aposta deveria ser a energia solar fotovoltaica, que nos últimos quatro anos reduziu cinco vezes os seus custos. “Portugal poderia exportar energia solar para o norte da Europa”, nota, acrescentando que esta é a altura certa para apostar neste tipo de energia. “Os países inteligentes são os que não aderem à primeira ronda de uma nova indústria” como aconteceu com as eólicas.

Ainda assim, recorda que no mundo a energia nuclear continua viva. “Os Emirados Árabes Unidos decidiram construir quatro reactores e vão ter o primeiro a funcionar em 2017. E a China vai avançar com 40. A energia nuclear não morreu em termos mundiais. Foi muito afectada [pelo acidente de Fukushima], mas não morreu.”

 

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