Sindicato acusa ministro de querer “precarizar” ciência e ensino superior

Sindicato reage à entrevista de Manuel Heitor ao PÚBLICO e diz-se "chocado" com declarações do ministro que se comprometeu a "flexibilizar o emprego científico".

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Até ao momento foram atribuídas cerca de menos cinco mil bolsas que no último ano lectivo Foto: Rui Gaudêncio

O Sindicato Nacional do Ensino Superior (Snesup) acusa o ministro da Ciência de querer precarizar a situação laboral dos professores e investigadores que trabalham nas instituições públicas do sector. A posição daquela estrutura sindical é a primeira reacção à entrevista de Manuel Heitor ao PÚBLICO, na edição deste sábado, na qual o governante se compromete a “flexibilizar o emprego científico” de forma a garantir o rejuvenescimento dos quadros de pessoal das instituições científicas e do ensino superior.

Em comunicado, o vice-presidente do Snesup, Gonçalo Velho, diz-se “chocado” com as afirmações do ministro. “Dar ainda mais possibilidade aos dirigentes para contratar de forma mais desregrada é absolutamente inusitado para um governo apoiado por uma maioria de esquerda”, critica o dirigente.

O Snesup lembra que “um dos grandes problemas do momento” neste sector é precisamente a falta de estabilidade nos contratos, recordando os últimos números oficiais conhecidos que revelam que 42% dos docentes e 44% dos investigadores têm vínculos precários. “Não existe nenhum obstáculo legal às contratações de investigadores que não o exclusivamente o financeiro. Apenas se pretende flexibilizar para precarizar”, reforça o sindicato.

Na entrevista ao PÚBLICO, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, apontou o emprego científico como o grande problema a resolver durante este mandato, comprometendo-se com a contratação de 2000 professores e investigadores ao longo da legislatura. Para isso, defendeu a necessidade de flexibilizar os contratos para os investigadores em início de carreira, criando patamares intermédios entre as bolsas de pós doutoramento (com um custo de 23 mil euros anuais) e um contrato de professor auxiliar (que vale 55 mil euros por ano).

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