O Bloco de Esquerda está a fazer o caminho para institucionalizar a sua posição de parceiro preferencial do Governo e a discussão do Orçamento é, sobre esse aspecto, bastante elucidativa. A cumplicidade foi visível entre as duas partes em toda a coreografia do próprio debate, mas mais elucidativo do que isso foi a facilidade com que negociaram o OE de 2016 e o anúncio feito pelo deputado José Manuel Pureza de que o seu partido vai começar “já” a preparar o próximo [2017] com o Governo. Também já se percebeu que, embora BE e Governo tenham posições diferentes sobre a renegociação da dívida, o Bloco é bem mais prudente nos termos e no timing de lançar o tema para cima da mesa, tendo obviamente em conta as fricções que tal iniciativa poderia acarretar para o bom clima de entendimento com os socialistas. O Bloco tem crescido (também) à medida que se disponibiliza para fazer parte do poder, mas será que a militância bloquista já assumiu esse lugar?