Ser Liberal, sem rodeios nem receios
Portugal precisa do Partido Liberal porque Portugal também precisa de ser Liberal.
João Miguel Tavares instou, em artigo no PÚBLICO, no passado dia 11 a criação de um Partido Liberal em Portugal. No que me toca respondo: Pronto!
Bastava olhar para o contexto político Europeu e para a oferta de soluções partidárias em Portugal para se concluir que a oportunidade está lá. Mas em 2016 é muito mais do que isso, é uma necessidade. Melhor, é uma emergência.
Portugal precisa mais do que nunca de ideias, de vontades, de opções alternativas que possam contribuir para que sejam encontradas soluções para as circunstâncias presentes mas sobretudo para que sejam encontradas respostas para o nosso futuro colectivo. Depois de tantos anos a perguntar aos portugueses onde estavam no 25 de Abril de 1974 (?), há cada vez mais portugueses que querem saber onde vão estar Portugal no 25 de Abril de 2024.
Há hoje portugueses de todas as gerações que não se sentem representados, nem na forma nem na substância, pelos atuais partidos. Os níveis crescentes de abstenção, os números de votos brancos e nulos, já não são um sinal, são uma certeza.
João Miguel Tavares refere que Portugal precisa de um movimento em forma de partido que assuma orgulhosamente aquilo que deseja, ao que vem, sem receios de estigmas e carimbos convenientes para quem de facto o deve recear. Na verdade Portugal não precisa de mais um Partido, nem sequer precisa de ser Liberal. Portugal precisa do Partido Liberal porque Portugal também precisa de ser Liberal.
Um novel Partido no espectro nacional não pode ser apenas mais um. Um novo partido não pode ser o resultado da recolha de 7500 assinaturas, da preparação de uns estatutos e da bênção do Tribunal Constitucional. Isto já não basta, nem é considerado sério. A história da democracia portuguesa já viu isto acontecer demasiadas vezes e o que reinou foi o insucesso. Um novo Partido tem de ser a consequência natural da vontade de muitos, do envolvimento desprendido individual e colectivo em torno de princípios e valores que possam enquadrar causas concretas. Um novo Partido, sobretudo se defende uma visão mais liberal da sociedade, tem de ser aberto a essa mesma sociedade desde o momento que se pensa no seu lançamento. Um novo partido deve respeitar as “regras do jogo” mas tem de desafiar até ao limite a implementação dessas regras.
Ultrapassados os formalismos virão certamente os informalismos e os liberais devem preparar-se para o necessário e motivante debate de contrariar os estigmas, carimbos e estereótipos que lhes serão lançados. Se no passado o liberalismo pode ter sido interpretado como uma nova visão da sociedade, hoje é evidente que os princípios liberais estão muito mais perto da real sociedade global e hiperconectada e que é o conservadorismo de outras ideologias conservadoras, ou até da falta de ideologias, que estão a querer ignorar a realidade e a travar a (r)evolução.
Nos últimos anos o bipolarismo funcional da política nacional procurou entrincheirar portugueses à esquerda ou à direita. Ou estão connosco ou estão contra nós dizem eles. O debate político deixou de se centrar nas pessoas e passou a alimentar uma novela supostamente ideológica que em pouco contribui para as nossas vidas. Senão veja-se: Se defendo menos Estado na economia sou de Direita, mas se concordo com a adopção por casais do mesmo sexo dizem que sou de Esquerda. Importam-se de se decidir onde me posiciono? Facilito-vos a vida, esqueçam esses estereótipos bafientos e que obstaculizam debates salutares: sou Liberal.
Conclui-se então que se um novo Partido tem o dever e a obrigação de se apresentar diferente em tudo, especialmente na forma de estar, um Liberal, pelo seu pensamento, tem as características e condições para assumir esse desafio.
Fica a faltar a vontade das pessoas. Que muitos possam sair da sua zona de conforto. Que ninguém fique na bancada. É hora de ir a jogo. Eu já ando nos treinos.
General manager da IPSIS