Depois de Iowa, Marco Rubio foi o alvo dos seus rivais republicanos
Rubio não se soube defender. Trump defendeu a tortura a suspeitos de terrorismo, waterboarding e muito pior.
Inexperiência e falta de ambição. Foram estas as críticas mais repetidas e apontadas a Marco Rubio no debate deste sábado, a poucos dias de os eleitores do New Hampshire escolherem o seu candidato a presidente dos EUA. Num momento em que o senador da Flórida se tem vindo a destacar, depois de ter ficado em terceiro lugar no Iowa com um resultado acima do esperado, a estratégia dos seus rivais republicanos passou por atacá-lo como forma de abrandar a sua progressão. E Rubio defendeu-se, atacando Obama.
O debate deste sábado era visto com especial importância, depois de os resultados no Iowa, o primeiro estado a votar para eleger o candidato à Casa Branca, não terem sido muito díspares. Ted Cruz ganhou com 27,7% dos votos, seguido do bilionário Donald Trump (24%) e de Marco Rubio (23,1%), esperando-se com expectativa os resultados desta terça-feira no New Hampshire. Rubio tinha aqui por isso uma oportunidade de se consolidar como alternativa no Partido Republicano, catapultando a sua candidatura, mas no final o senador da Flórida não foi lá muito bem-sucedido, não se tendo conseguido defender convictamente dos ataques directos dos seus rivais.
Um dos momentos mais tensos da noite foi protagonizado pelo governador de Nova Jérsia, Chris Christie, que acusou Marco Rubio de se apresentar nos debates de discurso feito, mas com pouca capacidade de acção. “Ser presidente não é memorizar um discurso de 25 segundos”, defendeu Christie, depois de Rubio se repetir nas respostas. Sobre a falta de experiência, Rubio foi buscar, por mais do que uma vez, o exemplo de Obama, que também esteve pouco tempo no Senado, comparando-se e marcando a diferença entre si e o actual Presidente norte-americano: o problema de Obama está na ideologia que impõe e que prejudica o país e não na possível falta de experiência ou ingenuidade.
Christie, que se manteve implacável com Rubio, defendeu ainda que o senador da Flórida não esteve, até agora, envolvido em nenhuma decisão significativa. “Quando podia ter sido responsável, simplesmente não o foi”, defendeu, acusando Rubio de faltar a várias votações no Senado. Os discursos eloquentes pouco fazem para melhorar a vida dos americanos, afirmou ainda. Em resposta, Rubio foi buscar a recente tempestade de neve que se abateu em Nova Jérsia e que obrigou Christie a alterar os planos. “Nem sequer queria lá ir”, disse Rubio a Christie. “E depois ficou lá 36 horas e voltou para a campanha”, continuou.
Trump manda calar Bush
O debate deste sábado ficou também marcado pelo regresso de Donald Trump, depois de ter faltado ao último confronto por não aceitar a participação, como moderadora, da jornalista/analista política Megyn Kelly, que provocou a ira do magnata logo no primeiro debate, em Agosto, ao confrontá-lo com declarações depreciativas em relação a várias mulheres.
Trump, apontado como o favorito em New Hampshire, mostrou-se igual a si mesmo. Disse ter o perfil ideal para a Casa Branca, defendendo ter as capacidades certas por gerir uma multinacional que gerou milhares de empregos no país. Quando confrontado por Jeb Bush, optou por mandá-lo calar. E voltou a centrar-se nos temas que tem defendido ao longo da sua campanha, como a proibição da entrada nos EUA de muçulmanos e a deportação de todos aqueles que vivem no país sem autorização de residência.
Quando o tema passou para a política antiterrorista, Trump mostrou-se a favor da tortura, como já o tinha feito antes, defendendo o regresso do waterboarding (simulação de afogamento, a técnica que a Casa Branca de George W. Bush usou com suspeitos terroristas) mas não só. “Restabeleceria o waterboarding e um inferno muito pior que isso.”
Sobre isto, Ted Cruz, que se manteve pouco agressivo no debate, evitando responder aos ataques directos como táctica de defesa da sua posição vitoriosa no Iowa, argumentou que de acordo com a definição de tortura “geralmente conhecida”, não se poderia considerar como tal a simulação de afogamento. O candidato quis, no entanto, demarcar-se de Trump e garantiu que se fosse presidente não seria a favor do uso recorrente desta técnica. Jeb Bush manteve-se do lado oposto: fez questão de lembrar que esta prática foi proibida e que assim se devia manter.
Rubio, mais uma vez, não largou Obama e defendeu que a prisão de Guantánamo, onde ainda permanecem detidos cerca de cem alegados combatentes estrangeiros sob suspeita de terrorismo, não deve encerrar, como definiu o Presidente. “Devíamos pôr as pessoas em Guantánamo e não fechá-la.”