Ai Weiwei recria imagem de menino sírio como alerta para a crise dos refugiados

Artista chinês continua o seu trabalho na ilha de Lesbos, na Grécia. Fotografia foi tirada para a revista India Today e vai ainda ser exposta na India Art Fair.

Foto
Ai Weiwei tem passado as últimas semanas em Lesbos, onde já montou um estúdio Rohit Chawla para o <i>India Today</i>

Ai Weiwei morto à beira-mar, tal como Alan Kurdi, o menino sírio de três anos que morreu afogado numa praia da Turquia no início de Setembro do ano passado e que chocou o mundo. O artista e activista chinês continua a trabalhar na ilha de Lesbos, na Grécia, não só ajudando os refugiados que chegam àquela costa, como alertando a comunidade internacional para o que ali se passa. Uma foto sua a lembrar o menino sírio é a sua mais recente acção.

Na foto, recriada na semana passada, Ai Weiwei surge deitado de barriga para baixo, olhos fechados, em tudo semelhante a Alan Kurdi, cuja imagem fez capa nos jornais de todo o mundo.

O artista chinês tem estado na Grécia nas últimas semanas e todos os dias partilha no Instagram dezenas de fotografias de refugiados acabados de chegar a Lesbos. Ai Weiwei tem mesmo ajudado a receber estas pessoas que estão a fugir da guerra, muitas delas crianças, participando em várias missões. Weiwei já anunciou até a intenção de criar em Lesbos um memorial que evoque a situação trágica dos refugiados e daqueles que morreram a tentar chegar à Europa através do mar.

Segundo o Washington Post, a fotografia do artista foi tirada por Rohit Chawla para a revista India Today. Mas não vai ser só ali que a foto vai figurar. A imagem vai ser exposta na India Art Fair numa exposição organizada pela própria revista, intitulada The Artists. A mostra abre ao público esta semana.

“É uma imagem icónica, porque é muito política, humana e envolve um artista extraordinariamente importante como Ai Weiwei”, reagiu ao Washington Post Sandy Angus, um dos responsáveis pela India Art Fair. “A imagem é assustadora e representa toda esta crise migratória e o desespero destas pessoas que tentaram fugir ao passado à procura de um futuro melhor”, acrescentou Angus, revelando que já há vários galeristas interessados na fotografia a preto e branco.

Gayatri Jayaraman, editor da revista, cuja entrevista a Ai Weiwei será publicada na próxima semana, lembrou ao jornal norte-americano o episódio em que combinava o trabalho com o artista. “Disse-lhe que o procurava no seu estúdio e ele respondeu-me que o seu estúdio era a costa”, recordou Jayaraman, contando que o artista chinês tem recolhido os restos dos barcos de plástico que ali ficam para uma instalação. “Ele é um grande artista”, acrescentou ainda o editor, para quem Weiwei tem feito um trabalho “nobre” na ajuda aos refugiados. “Isso é muito político também.”

Já na semana passada Ai Weiwei anunciou o encerramento da exposição Ruptures, que teria patente na Fundação Faurschou, em Copenhaga, até 15 de Abril, e retirou-se da colectiva A New Dinasty. Created in China, em Aarhus, depois de o Parlamento dinamarquês ter aprovado a lei que permite cativar bens dos requerentes de asilo e adiar no mínimo três anos a reunião dos mesmos com as suas famílias.

Sugerir correcção
Comentar